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Primeiras autarcas de Portugal refletem sobre paridade política

As primeiras mulheres eleitas presidentes de câmara em Portugal democrático consideram que o país vive um retrocesso civilizacional, num “faz de conta” de paridade que continua a relegar as mulheres para segundo plano.
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Três das cinco primeiras mulheres a presidir a uma câmara municipal em Portugal após a revolução de 1974, conhecidas como as “Cinco Magníficas”, partilham uma visão crítica sobre o estado atual da paridade de género e da política no país.

Francelina Chambel, Lurdes Breu e Odete Isabel, as sobreviventes do grupo que incluía também as já falecidas Alda Santos Victor e Judite Mendes de Abreu, recordam as dificuldades do início do seu percurso no poder local, mas consideram que Portugal está hoje a regredir.

Francelina Chambel, eleita aos 91 anos pelo Sardoal como independente apoiada pelo PS, descreve a sua experiência inicial como “muito dura”.

Mudou-se de Lisboa com quatro filhos para um município onde “não havia nada” e chegou a trabalhar um ano sem receber vencimento da autarquia.

Por sua vez, a candidatura de Lurdes Breu a Estarreja, pelo PPD/PSD, surgiu por “obra do acaso”, após vários homens terem recusado.

O convite foi feito com o argumento de que, se perdesse, o facto seria rapidamente esquecido, o que a deixou “furiosa” e a levou a aceitar o desafio, que acabou por vencer.

As pioneiras concordam que as mulheres trazem à política um maior “sentido do cumprimento do dever” e sensibilidade na relação com as pessoas. No entanto, lamentam que a “velha máxima” de manter as mulheres em segundo plano persista. Lurdes Breu, agora com 85 anos, critica também a hesitação de algumas mulheres em assumir posições de liderança, instando-as a “dar o passo em frente” em vez de esperarem por um convite formal.

Todas consideram que a política atual se afastou do “bem comum”, focando-se numa “luta pelo poder”.

Odete Isabel, eleita pela Mealhada pelo PS, corrobora a ideia de um “retrocesso civilizacional muito forte”, descrevendo a situação como um “faz de conta”.

Aos 85 anos, aceitou ser mandatária da candidatura do PS à Mealhada, que apresenta uma lista paritária, na esperança de que, se “as mulheres acordarem”, seja possível “retomar o caminho certo”.

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