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Educação em Portugal. OCDE revela que 38% dos adultos não termina escolaridade

O relatório 'Education at a Glance 2025' da OCDE traça um retrato da educação em Portugal com fortes contrastes, evidenciando os benefícios salariais do ensino superior, mas também revelando níveis preocupantes de iliteracia na população adulta e desafios significativos na profissão docente.
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O relatório anual "Education at a Glance 2025" da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) revela um panorama educativo em Portugal com realidades díspares.

Se por um lado o ensino superior confere vantagens salariais e de empregabilidade, o país enfrenta sérios desafios ao nível da literacia da população adulta e na gestão da carreira docente. Um dos dados mais preocupantes é o baixo nível de proficiência em literacia. Cerca de 46% dos portugueses entre os 25 e os 64 anos apenas conseguem compreender textos simples e curtos, ficando no nível 1 (ou abaixo) de uma escala de cinco. Este valor é significativamente superior à média da OCDE (27%) e coloca Portugal entre os piores classificados de 30 países, apenas à frente do Chile. O relatório estabelece uma ligação direta entre o nível de escolaridade e estas competências, com os adultos detentores de um diploma de ensino superior a obterem pontuações muito mais elevadas.

Em contrapartida, o investimento em educação superior traduz-se em benefícios claros. Em 2023, 83% dos trabalhadores com formação superior auferiam um salário acima da média.

A taxa de emprego para estes diplomados era de 91% em 2024, superior à dos que têm apenas o ensino secundário (86%). A formação superior também esbate as desigualdades de género no acesso ao emprego.

Ainda assim, Portugal continua a ser um dos países com maior percentagem da população adulta que não tem sequer o 12.º ano (38%).

A situação dos professores é paradoxal.

Em média, os docentes portugueses ganham 28% mais do que outros trabalhadores com formação superior, uma realidade rara entre os países da OCDE. O relatório explica este facto com o envelhecimento da classe (56% têm mais de 50 anos), o que significa que muitos estão no topo da carreira. No entanto, os professores perderam poder de compra na última década; o salário real de um professor em início de carreira diminuiu 10% em nove anos. A crescente falta de professores, agravada pelo envelhecimento da classe, levou a um aumento de contratações de docentes sem a devida habilitação profissional. Entre os anos letivos de 2014/2015 e 2022/2023, a percentagem destes professores quadruplicou, passando de 1,6% para 6,5% do total. A OCDE alerta que esta medida tem implicações na qualidade do ensino e reitera a necessidade de salários competitivos para tornar a profissão mais atrativa.

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