Guerra Política sobre Imigração: PS Acusa Governo de Mimetizar Chega por Votos

O Partido Socialista (PS), através do deputado Pedro Delgado Alves, acusou o executivo PSD/CDS de conduzir uma política contra os imigrantes com o objetivo de obter ganhos eleitorais junto do eleitorado do Chega. Segundo o PS, a estratégia do Governo de "assumir as bandeiras do Chega" no que toca à imigração é um erro, pois ao validar a narrativa da extrema-direita, arrisca-se a que os eleitores prefiram o partido original.

Delgado Alves sustenta que esta abordagem ignora as lições de outros países onde táticas semelhantes falharam.

A Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) encontra-se no centro da polémica.

O PS alega que o Governo a utiliza para construir uma "narrativa em que a realidade migratória é o principal problema do país", associando a imigração a uma "dureza que não existia". Um dos exemplos apontados é a "guerra de números" sobre as pendências, com o PS a afirmar que os 400 mil processos iniciais anunciados pelo Governo estavam inflacionados, incluindo casos duplicados e de pessoas que já não residiam em Portugal. Em defesa, o deputado social-democrata António Rodrigues classificou essas situações como "pontuais", sublinhando que continuava a existir uma "enormidade de processos" que exercia grande pressão sobre os serviços. Apesar de o Governo reivindicar uma redução significativa das pendências, Pedro Delgado Alves afirma que "a situação está pior do que estava antes", apontando as filas contínuas à porta da AIMA como prova do falhanço da política atual. O deputado socialista acusa ainda o executivo de recorrer a um discurso "comum à extrema-direita" ao insinuar que o PS promoveu uma "estratégia de reengenharia demográfica" do país. Delgado Alves contrapõe, lembrando que os fluxos migratórios são uma realidade global e que Portugal necessita de mão-de-obra estrangeira para o crescimento da sua economia.