Acordo UE-Mercosul em Risco: O Futuro das Relações Transatlânticas em Debate



No Fórum EuroAméricas 2025, em Carcavelos, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, alertou que a não ratificação do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul até 20 de dezembro será “um falhanço redondo”. Assinado em dezembro de 2024, o acordo visa criar uma das maiores zonas de livre comércio do mundo através da eliminação da maioria das taxas aduaneiras, mas enfrenta resistência de setores agrícolas europeus, nomeadamente de França, devido a preocupações com a concorrência e o ambiente. Rangel defende que o comércio livre é um motor de crescimento e essencial para a prosperidade que sustenta as democracias. Rangel instou à criação de uma “rede enorme de acordos de comércio livre”, apontando o sucesso do acordo com o Canadá como um modelo a seguir. Nesta perspetiva de fortalecimento das relações económicas, Joana Gaspar, diretora da AICEP, descreveu Portugal como uma “economia pequena assente nas relações económicas externas”.
Salientou que a língua portuguesa é um “grande trunfo nos negócios”, facilitando a construção de confiança e relações fortes.
O Brasil foi destacado como um mercado importante que abriu caminho para empresas portuguesas na América do Sul, contribuindo para a diversificação das exportações portuguesas, que também registaram crescimentos significativos com os EUA e o México nos últimos anos. A situação económica da América Latina foi analisada por Alberto Ramos, da Goldman Sachs, que apontou para uma descida da produtividade em países como Argentina, Brasil e México.
Segundo Ramos, a má distribuição de recursos, o acesso limitado ao crédito e a falta de ferramentas de gestão de risco prejudicam as empresas mais produtivas. Concluiu que a região “está a envelhecer antes de enriquecer”, necessitando de mais investimento, educação e desregulamentação para aproveitar o seu potencial. Para o futuro, Paulo Rangel sublinhou a necessidade de o espaço atlântico apostar na tecnologia, nomeadamente na Inteligência Artificial (IA), para garantir a viabilidade do seu modelo social. Embora a Europa esteja atrasada em relação aos EUA e à China na IA, o ministro vê uma oportunidade em antecipar a “próxima revolução”, como o hidrogénio no setor automóvel, em vez de “correr atrás do prejuízo” na mobilidade elétrica, onde a China lidera.
José Ignacio Salafranca, da Fundação EuroAmerica, corroborou a necessidade de a UE acelerar acordos comerciais, como o do Mercosul, para não perder relevância económica face a potências como a China e a Índia.













