REN defende mais interligações elétricas com a Europa que já geraram benefícios de 3,2 mil milhões de euros

A transição energética em Portugal e na Europa avança com novos projetos de energias renováveis e o reforço das infraestruturas essenciais. As interligações elétricas com Espanha demonstram ser cruciais, tendo gerado benefícios significativos, apesar dos desafios recentes.

As interligações elétricas entre Portugal e Espanha geraram benefícios estimados em 3,2 mil milhões de euros desde 2021, afirmou o administrador executivo da REN, João Conceição, numa audição parlamentar. Segundo o responsável, os preços competitivos da energia solar em Espanha permitiram estas vantagens económicas, que se somam a benefícios técnicos e de segurança de abastecimento. Atualmente, a capacidade de interligação com Espanha é de quase 5.000 megawatts, o que corresponde a cerca de 50% da ponta máxima de consumo em Portugal. Apesar de o recente apagão ibérico ter sido agravado pela interligação, João Conceição sublinhou que “as interligações, para nós, têm muito mais vantagens do que riscos”, recordando que foram essenciais para evitar cortes de energia durante a seca severa de 2022.

A Península Ibérica tem uma conectividade energética inferior a 3% com o resto da União Europeia, um valor que o Governo português pretende aumentar para 15% até 2030. Esta meta é apoiada pela Comissão Europeia, que identificou como projetos prioritários as interligações elétricas dos Pirenéus e um corredor de hidrogénio de Portugal à Alemanha, visando aumentar a segurança energética e facilitar a transição para as renováveis, apesar do ceticismo histórico de França. A defesa é que um sistema europeu mais interligado poderia tanto ajudar a conter crises como a do apagão de abril, como também arriscar a sua expansão.

Paralelamente ao reforço das infraestruturas transfronteiriças, o setor das energias renováveis continua a expandir-se.

A EDP Renováveis assinou dois contratos de longo prazo com a empresa polaca Energa Obrót para o fornecimento de energia a partir de um portefólio híbrido de 322 MW, que combina projetos eólicos e solares na Polónia e cuja conclusão está prevista para 2026. Em Portugal, a aposta foca-se também no armazenamento de energia, com a Hyperion Renewables, a Saft e a Omexom a desenvolverem os primeiros projetos do género no país, em Estremoz e Évora.

Estes sistemas de baterias, com uma capacidade total de 64 MWh, serão instalados junto a centrais solares existentes para aumentar a eficiência e equilibrar o mix energético nacional.