Apelo de Rui Tavares por uma Esquerda Pragmática e Vitoriosa

Num discurso proferido durante a apresentação do candidato autárquico do Livre nas Caldas da Rainha, João Arroz, o porta-voz do partido, Rui Tavares, defendeu que a Esquerda portuguesa precisa de adotar uma abordagem mais "pragmática" e "habituar-se a ganhar".

Segundo Tavares, a estratégia de apelar constantemente à "resistência ao fascismo", embora mobilize alguns cidadãos por memória familiar ou sentimento de obrigação moral, acaba por alienar muitos outros que "desligam" e consideram procurar um futuro noutro país. Em vez de uma retórica focada apenas na resistência, o líder do Livre propõe um discurso mobilizador que inspire as pessoas a juntarem-se a um "movimento vitorioso". O objetivo é fazer com que os cidadãos sintam que fazem parte de um projeto que ambiciona vencer, combatendo assim a ideia de que a degradação da democracia é inevitável.

Neste contexto, Tavares criticou a cobertura mediática dada ao Chega, acusando os diretores de informação de utilizarem André Ventura para aumentar audiências, comparando-o a "como tratavam o Tony Carreira aqui há uns tempos". Sustentou que o discurso do Chega, baseado em "sentimentos de rancor e ressentimento", é eficaz para chamar a atenção, mas "inerte e estéril para qualquer coisa de bom". Como alternativa, o Livre propõe atrair a atenção através de "objetos de desejo político", mostrando às pessoas visões positivas de como as suas cidades podem ser e dialogando diretamente com elas, sem esperar o apoio dos meios de comunicação social. Rui Tavares salientou que o seu partido foi o que mais cresceu em proporção de deputados nas últimas eleições legislativas e manifestou a ambição de disputar o espaço político da extrema-direita.

O objetivo é que o Livre se torne "a novidade e o lugar mais dinâmico da política portuguesa", apresentando-se como uma alternativa baseada na esperança, em oposição às "políticas do ressentimento, do rancor, do ódio e da divisão".