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Secretário de Estado do Vaticano contra discursos simplistas sobre imigração

Durante a sua visita a Portugal, o Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, abordou os desafios contemporâneos da imigração e do populismo, defendendo uma abordagem baseada nos valores cristãos e democráticos.
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Numa série de entrevistas concedidas durante a sua visita a Lisboa, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, criticou os discursos "simplistas" sobre a imigração, considerando-a um dos "grandes desafios do nosso tempo".

O diplomata sublinhou que se trata de um problema complexo e um fenómeno estrutural, que não deve ser abordado com mentalidades de rejeição ou xenofobia, as quais classificou como "inaceitáveis". Em vez disso, a Igreja propõe uma abordagem baseada nos princípios de "acolher, acompanhar, proteger e integrar", defendendo fluxos de imigração legais e regulados que combatam o tráfico de seres humanos e promovam a integração dos imigrantes nas sociedades de acolhimento. Parolin associou a ascensão de discursos populistas à crise dos valores democráticos a nível mundial.

Afirmou que, embora muitas pessoas sintam que a democracia não responde aos seus problemas, as tendências populistas "não são de forma alguma favoráveis à paz e ao desenvolvimento dos povos" e muitas vezes criam mais dificuldades do que as que prometem resolver. A diplomacia da Santa Sé, segundo o cardeal, procura combater estas tendências através de uma "insistente referência aos valores democráticos", defendendo que a democracia só é eficaz quando assenta em valores como a tolerância, o respeito e a aceitação do outro, e não apenas num "exercício técnico do voto".

Sobre o novo Papa, Leão XIV, o Secretário de Estado considerou que cada pontífice tem o seu estilo e é o mais adequado para o seu tempo. Descreveu o novo líder como "mais discreto" do que o seu antecessor, o Papa Francisco, mas salientou que o mais importante é a mensagem, que considera "muito oportuna" para as necessidades atuais.

Relativamente às mudanças na Igreja, Parolin admitiu que o caminho sinodal criou "falsas expectativas", esclarecendo que quaisquer alterações devem respeitar a tradição e a natureza "sacramental e hierárquica" da Igreja, embora se mantenha o objetivo de uma maior participação dos leigos na missão evangelizadora.

Durante a sua estadia em Lisboa, a convite do Patriarcado, o Cardeal Parolin encontrou-se com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

Nas conversas, foram abordadas as "muito boas" relações entre Portugal e a Santa Sé, bem como os conflitos que assolam o mundo, com especial destaque para a violência em Cabo Delgado, Moçambique, tendo Parolin apelado à colaboração de Portugal para encontrar uma solução pacífica.

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