Crescimento e Obstáculos: A Dupla Realidade das Empresas Portuguesas



O panorama empresarial em Portugal revela uma dualidade marcada, por um lado, pelo dinamismo de setores chave e, por outro, por obstáculos sistémicos que condicionam a atividade económica em geral. A distribuição turística, por exemplo, vive o seu melhor momento de sempre, com um impacto económico que atingiu 7,7 mil milhões de euros em 2024, o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Segundo um estudo da EY citado pela Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) durante o seu 50.º Congresso Nacional em Macau, este valor representa um crescimento significativo face aos 5,8 mil milhões de 2022 e aos 4,2 mil milhões registados em 2019.
Contudo, este sucesso setorial contrasta com os desafios transversais que afetam o tecido empresarial.
Um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre os custos de contexto aponta para um agravamento geral, com o indicador global a subir para 3,14 (numa escala de 1 a 5) em 2024. Pelo quarto ano consecutivo, o sistema judicial é identificado como o principal entrave, com uma pontuação de 3,66, sendo a morosidade dos processos judiciais a queixa mais recorrente para mais de metade das empresas.
As disputas fiscais são consideradas o obstáculo mais relevante nesta área.
A seguir à justiça, os processos de licenciamento (3,54) e o sistema fiscal (3,28) são os domínios que mais sobrecarregam as empresas, com particular incidência no setor da indústria, que enfrenta maiores dificuldades na obtenção de licenças ambientais.
O maior agravamento desde 2021, no entanto, verifica-se na área dos recursos humanos.
As dificuldades na contratação de trabalhadores, especialmente técnicos qualificados, tornaram-se um obstáculo elevado para cerca de metade das empresas. Esta pressão sobre o mercado de trabalho é ecoada pelas críticas da APAVT, que aponta falhas nas políticas governamentais em áreas como a imigração, a legislação laboral e a falta de planeamento de infraestruturas essenciais, como a rede aeroportuária e ferroviária, que não acompanham as necessidades de crescimento do país.















