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Teatro do Bolhão produz espetáculo com imigrantes

O Teatro do Bolhão, em colaboração com a ADRIMAG, apresenta um espetáculo comunitário que une centenas de atores e 50 imigrantes numa antiga fábrica em Vale de Cambra, usando a arte para explorar os desafios da migração e promover a integração.
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O Teatro do Bolhão apresenta o espetáculo comunitário “Palcos do Mundo – Fábrica” em Vale de Cambra.

A produção, que decorre na antiga fábrica de laticínios Martins & Rebello, envolve um total de 334 atores e figurantes, dos quais 50 são imigrantes, 81 são atores profissionais e 253 são amadores, além de 37 técnicos. O projeto foi encomendado pela ADRIMAG (Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras de Montemuro, Arada e Gralheira) e conta com o apoio dos municípios de Vale de Cambra, Arouca e Castelo de Paiva.

Inspirado numa citação do Papa Francisco, “Somos todos imigrantes.

Ninguém tem morada fixa nesta terra”, o espetáculo aborda temas como a guerra, a miséria e a solidariedade.

Segundo João Carlos Pinto, coordenador executivo da ADRIMAG, o objetivo é utilizar as artes performativas para integrar a comunidade migrante, acreditando que “a arte tem o poder de unir comunidades”.

Miguel Hernandez, diretor artístico do projeto, acrescenta que a produção visa “a valorização e o respeito pelos imigrantes”, procurando despertar a consciência e o entendimento entre os povos para uma humanidade mais sensível e responsável.

A preparação do espetáculo começou em abril e, de acordo com o encenador, gerir a dimensão e os diferentes níveis de experiência da equipa foi um grande desafio, mas também um processo transformador para todos os envolvidos.

A experiência é corroborada por Mehreen Yasir, uma participante paquistanesa que terá um monólogo na peça.

Ela relata as dificuldades de integração em Vale de Cambra, como a falta de escolas de Português para estrangeiros e os custos elevados dos transportes públicos, que a fazem sentir-se “presa”. Para Mehreen, o projeto permitiu conhecer pessoas de diferentes países e proporcionou um espaço para defender os direitos dos imigrantes, fazendo-os sentirem-se reconhecidos e menos sujeitos a tratamento injusto.

O evento, de entrada gratuita mediante levantamento prévio de bilhete, inclui mais do que apenas a peça.

As portas abrem às 18h30 com uma festa de gastronomia mundial e uma exposição sobre imigração. O espetáculo principal começa às 22h00, com um percurso itinerante pela fábrica, seguido de performances de circo, música coral e dança.

O recinto está em processo de aquisição pela autarquia para a futura instalação do Museu Nacional dos Laticínios.

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