Rússia Corta Laços Militares com o Ocidente, Rescindindo Acordos com Portugal, Canadá e França

O governo russo formalizou a rescisão de acordos de cooperação militar com Portugal, Canadá e França, num gesto que evidencia o crescente afastamento diplomático e de segurança entre a Rússia e as nações ocidentais.

O Governo da Rússia anunciou a rescisão de três acordos de cooperação no domínio da defesa com Portugal, Canadá e França, assinados entre 1989 e 2000.

A decisão foi oficializada através de um decreto emitido pelo primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, e divulgado pela agência de notícias estatal TASS.

Os acordos em causa incluem o tratado de cooperação militar com Portugal (2000), um pacto com o Canadá que remontava à era soviética (1989) e um protocolo com a França (1994).

A justificação apresentada pelo Kremlin é que estes pactos carecem de relevância estratégica no contexto atual, não tendo sido considerados quaisquer mecanismos alternativos de cooperação.

Este passo reflete o progressivo distanciamento da Rússia em relação às nações ocidentais em matéria de segurança e cooperação técnica.

A medida segue-se a uma ação semelhante ocorrida em julho, quando Mishustin rescindiu um acordo técnico-militar com a Alemanha, acusando Berlim de manter uma “política abertamente hostil”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo ficou encarregado de notificar formalmente os três países, concluindo assim o processo diplomático para o encerramento definitivo dos acordos.

A decisão surge num momento de elevada tensão, amplificada pela invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, que desencadeou a mais grave crise de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Portugal e França apoiam um plano da Comissão Europeia para utilizar as receitas geradas pelos cerca de 235 mil milhões de euros de ativos russos congelados na União Europeia para financiar Kiev. Em resposta, o embaixador russo na Alemanha, Serguei Nechayev, alertou que qualquer utilização destes fundos sem o consentimento de Moscovo seria considerada um “roubo” e teria “consequências consideráveis” para a UE.

Desde o início do conflito, a Ucrânia tem recebido apoio financeiro e militar dos seus aliados ocidentais, que também impuseram sanções a setores-chave da economia russa.