Entre o Acolhimento e a Comunicação: A Igreja Católica Perante os Desafios Sociais de Portugal



Na abertura da assembleia plenária dos bispos em Fátima, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, declarou que “um migrante é um irmão, não uma ameaça”. Embora reconhecendo o impacto que o aumento do número de migrantes tem na sociedade portuguesa e o desafio que representa para a capacidade de acolher e integrar, o também bispo da Diocese de Leiria-Fátima sublinhou que esta é uma “oportunidade” para edificar “uma sociedade mais justa, mais fraterna e solidária, onde ninguém é excluído ou descartado”.
Para aprofundar a reflexão sobre o tema, foi anunciado o “Fórum Migrações”, um encontro destinado a sensibilizar e formar as comunidades para o fenómeno migratório.
José Ornelas inseriu a questão migratória num contexto mais amplo de desafios sociais que Portugal enfrenta, como as dificuldades económicas, as desigualdades, o acesso à habitação e a pressão sobre os serviços de saúde.
Segundo o prelado, estes problemas são “agravados por discursos por vezes polarizados e ideologias extremistas” que promovem o medo e a desconfiança. Apelou, por isso, à rejeição de “palavras fáceis que prometem soluções rápidas, mas que alimentam ressentimentos” e defendeu que a nação só pode florescer na fraternidade.
O presidente da CEP exortou ainda os políticos a procurarem mais consensos e a comprometerem-se com o bem comum.
Na agenda da reunião estão também temas como o processo sinodal e as compensações financeiras para vítimas de crimes sexuais.
Paralelamente a esta tomada de posição, uma reflexão sobre a comunicação eclesial destaca a urgência de a Igreja adaptar a sua linguagem para responder aos desafios do presente. Num artigo de opinião, Luísa Gonçalves defende que a evangelização exige uma comunicação transparente, relacional e profissional, capaz de dialogar com o mundo contemporâneo e combater a desinformação. Esta abordagem é vista como essencial para que a Igreja continue a ser uma voz relevante, que escuta e serve, em vez de se refugiar em “discursos de ontem”.
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É professor na Escola Superior Agrária do Politécnico de Portalegre desde 2009, arquitecto paisagista e engenheiro agrónomo. Dirige, desde 2021, o Instituto Politécnico de Portalegre.

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