Descarbonização Naval: O Roteiro de Portugal Entre Desafios Estruturais e Oportunidades Financiadas



Em Viana do Castelo, foi apresentado o Roteiro Naval Carbono Zero (RNCZ) para o setor da Construção, Reparação e Manutenção Naval (CRMN), um documento estratégico que visa a descarbonização da indústria até 2050. A iniciativa, desenvolvida pelo Fórum Oceano e pela Confederação Empresarial do Alto Minho (CEVAL), reuniu representantes do governo, da indústria e da academia para debater os desafios e as oportunidades da transição energética no mar. O secretário de Estado das Pescas e do Mar, Salvador Malheiro, anunciou que o governo está a executar 13,5 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para apoiar a transição energética da frota mercante, distribuídos por sete projetos. Adicionalmente, estão disponíveis 4,7 milhões de euros para a adaptação de mais embarcações. No total, o PRR dispõe de 50 milhões de euros para a descarbonização do transporte marítimo e 25 milhões para a transição verde e digital no setor das pescas. O governante sublinhou a importância de uma abordagem colaborativa, mencionando a criação da ‘task force’ Descarbonização Azul e a reativação da Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar (CIAM) para coordenar as políticas do setor. Apesar do otimismo e do investimento, o RNCZ identifica barreiras consideráveis.
Rúben Eiras, secretário-geral do Fórum Oceano, descreveu a descarbonização como um “enorme desafio”, apontando a falta de mão de obra qualificada como um problema “muito grave”.
Segundo dados apresentados, entre 30% a 40% dos trabalhadores da indústria naval têm mais de 50 anos.
Outros obstáculos incluem a burocracia, limitações nas infraestruturas energéticas, dificuldades de financiamento e a morosidade no pagamento de fundos públicos.
Luís Ceia, presidente da CEVAL, apelou a um equilíbrio entre a competitividade e a sustentabilidade, com mais agilidade no apoio às PME.
Contudo, o desafio da descarbonização é também visto como uma oportunidade estratégica.
Rúben Eiras destacou que a indústria pode explorar nichos de mercado com procura, como sistemas de gestão de eficiência energética e velas rígidas. Em linha com esta visão, o presidente da APDL, João Neves, anunciou a expansão do porto de Viana do Castelo para acompanhar as necessidades do setor e apoiar a produção de energias renováveis, criando condições para o desenvolvimento da indústria naval e afirmando-a no panorama internacional.









