Projeto do Bonfim: A Batalha do Vitória de Setúbal pela Sobrevivência Financeira



A polémica centra-se numa alegada dívida de 13,6 milhões de euros reclamada pela Sociedade Importantealtura, decorrente de um acordo de junho de 2021. Nesse acordo, a empresa assumiria cerca de 63 milhões de euros de passivos da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Vitória em troca da cedência de 89% das ações por um euro.
A direção do clube sadino afirma que esta relação vinculava apenas a SAD, entretanto declarada insolvente, e que os créditos reclamados não foram reconhecidos no processo de liquidação, pelo que a Importantealtura nada tem a receber. O antigo presidente, Carlos Silva, corrobora que a dívida "nunca poderia existir", atribuindo o incumprimento à Importantealtura.
Para reforçar a sua posição, o clube revelou possuir uma declaração da empresa a renunciar a qualquer direito sobre o Vitória.
O clube esclarece que o único contrato de promessa de compra e venda em vigor foi celebrado com a sociedade Mirante Sideral Lda.
Este negócio diz respeito a um projeto imobiliário que abrange exclusivamente os dois lotes correspondentes aos topos do Estádio do Bonfim.
A receita proveniente deste projeto é fundamental para o cumprimento do Plano de Insolvência e Recuperação de Empresa (PIRE), homologado pelo Tribunal do Comércio de Setúbal, cujas obrigações ascendem a cerca de 9,3 milhões de euros. A direção acredita que o sucesso deste projeto não só garantirá o saneamento financeiro, mas também permitirá ao clube iniciar um ciclo de sustentabilidade com "dívida zero", algo pouco comum no futebol português. Em resposta a notícias que ligavam os terrenos do Bonfim à Importantealtura e levantavam suspeitas sobre lotes doados pelo município, o clube clarificou que não existe qualquer ligação entre as duas entidades no atual projeto. O papel do município setubalense, segundo o clube, limita-se ao de entidade pública licenciadora do projeto imobiliário, estando a aguardar a conclusão do Pedido de Informação Prévia (PIP), iniciado no mandato autárquico anterior.
A agência Lusa tentou contactar a presidente da Câmara Municipal, mas não obteve resposta em tempo oportuno.
A atual direção, que tomou posse em março de 2025, distanciou-se de negócios passados e, perante a controvérsia, instou o gerente da Mirante Sideral a comprovar a sua capacidade de cumprir as obrigações contratuais.
Este, por sua vez, reiterou não ter qualquer ligação à Importantealtura.
A direção do Vitória reafirma o seu compromisso com a salvação do clube de 115 anos, garantindo a continuidade da prática desportiva para os seus mais de dois mil jovens atletas.
















