Briefing: Autárquicas

O Chega avança para as eleições autárquicas com uma ambição sem precedentes, visando uma forte implantação territorial, especialmente no sul do país.

A estratégia passa por recrutar figuras locais e ex-membros de outros partidos, com o objetivo de conquistar dezenas de câmaras e eleger milhares de autarcas, consolidando assim o seu poder para além do parlamento.

A CDU aborda as eleições autárquicas com a ambição de se candidatar em todo o país e reforçar o seu poder local. No entanto, enfrenta o desafio significativo da limitação de mandatos em 11 das suas 19 câmaras, o que exige uma renovação de quadros em bastiões históricos e a gestão de ameaças como a candidatura de uma ex-autarca em Setúbal.

A eleição em Lisboa será um confronto direto entre o projeto de Carlos Moedas, que procura a reeleição com uma coligação de direita alargada, e uma frente de esquerda unida em torno de Alexandra Leitão.

Temas como o aeroporto, a segurança e a habitação dominam o debate, numa disputa que testará a capacidade da esquerda para reconquistar a capital.

A eleição em Sintra está a colocar em destaque a questão das alianças à direita, com o candidato do PSD/IL/PAN, Marco Almeida, a admitir governar com o Chega.

Num contexto de provável empate técnico, a sua posição pragmática pode transformar Sintra num caso de estudo para futuras coligações entre a direita tradicional e a extrema-direita em Portugal.

Uma crise de confiança no seio do PSD de Óbidos levou à demissão dos pelouros de três vereadores, que acusam o presidente da câmara de falta de lealdade.

Apesar da rutura, as estruturas do partido mantêm a confiança em todas as partes, num impasse que fragiliza a candidatura social-democrata e abre espaço a uma candidatura independente do ex-vice-presidente.

Com sete candidatos na corrida, as eleições nas Caldas da Rainha prometem ser renhidas e imprevisíveis.

A fragmentação partidária, a aliança entre o movimento independente no poder e o PS, e a diversidade de propostas indicam um cenário eleitoral complexo, onde a conquista de uma maioria estável será o principal desafio para qualquer vencedor.

A formação de coligações entre partidos de esquerda como o BE, Livre e PAN é uma tendência clara para as próximas autárquicas. Estas alianças, visíveis em municípios como Figueira da Foz, Almada, Lisboa e Póvoa de Varzim, representam uma tentativa estratégica de unir forças, apresentar alternativas progressistas e maximizar o seu potencial eleitoral.

As autárquicas de 2025 destacam-se pela ascensão de candidaturas independentes e pela notável fluidez de políticos entre partidos.

Casos como os de Setúbal, Felgueiras e Aguçadoura ilustram como as lealdades partidárias estão a ser desafiadas por projetos pessoais e dinâmicas locais, tornando as eleições mais imprevisíveis e centradas em figuras individuais.

O Governo adiou a reforma da Lei das Finanças Locais para depois das eleições autárquicas, o que significa que os novos autarcas iniciarão o mandato com as regras atuais. A negociação com a futura ANMP empurra a implementação de qualquer mudança para 2027, um atraso lamentado pelos municípios que aguardam há muito por esta reforma estrutural.