Briefing: Incêndios em Portugal

A situação de alerta nacional foi ativada como medida preventiva contra o risco extremo de incêndios, impondo proibições em atividades rurais e florestais em todo o continente. A sua continuidade está dependente da evolução das condições meteorológicas, que se preveem adversas, com cerca de 100 concelhos em risco máximo.

O incêndio que afetou Vila Real e Mondim de Basto foi dominado após quatro dias de combate intenso, deixando um rasto de destruição de mais de 3.000 hectares, incluindo parte do Parque Natural do Alvão. Apesar de estar em resolução, a vigilância mantém-se apertada com centenas de operacionais e o apoio das Forças Armadas para prevenir reacendimentos.

O Governo vai investir 16 milhões de euros na aquisição de dois kits de combate a incêndios para aeronaves C-130, reforçando a capacidade aérea de combate a fogos.

A medida, anunciada pelo Ministro da Defesa, visa equipar os aviões para transportar até 12 toneladas de água, embora a sua operacionalização só deva ocorrer a partir do próximo ano.

Segundo o ICNF, 25% dos incêndios investigados este ano tiveram origem em fogo posto, sendo as queimas e queimadas a causa principal.

Até julho, a área ardida ascendeu a 33.224 hectares, o terceiro valor mais alto da última década, com os maiores incêndios a ocorrerem em Ponte da Barca e Arouca.

A Proteção Civil enfrentou um dia de elevada pressão com 73 incêndios rurais, mobilizando 1.800 operacionais em todo o país.

A região do Tâmega e Sousa foi a mais atingida, e o estado de prontidão especial do dispositivo foi mantido para garantir uma resposta eficaz face à contínua ameaça dos fogos.

A Ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, afirmou que o combate aos incêndios está a ser feito com o “maior esforço” e com todos os meios disponíveis, embora tenha admitido a existência de “escassez”. A governante destacou a mobilização de 1.500 operacionais e 72 meios aéreos, sublinhando a dificuldade crescente no controlo dos incêndios de maior dimensão.

Os incêndios em Penafiel e Celorico de Basto, marcados por reacendimentos e proximidade a zonas habitacionais, ilustram a severidade da vaga de fogos no Norte do país.

O combate exigiu centenas de operacionais e meios aéreos, com a situação a manter-se preocupante devido ao risco de novas reativações.

Vários suspeitos de fogo posto foram detidos em Felgueiras, Ferreira do Zêzere, Leiria, Sintra e Vila Real, confirmando a origem criminosa de múltiplos incêndios.

As detenções, efetuadas pela PJ e GNR, visam responsabilizar os autores de fogos ateados por chama direta ou queimas descontroladas que colocaram em risco florestas e habitações.

Especialistas defendem uma aposta estratégica na prevenção de incêndios através da gestão da biomassa, da dinamização da pastorícia e da gestão coordenada de pequenas propriedades.

Simultaneamente, o uso de tecnologias como drones para vigilância e deteção precoce tem vindo a ganhar terreno como uma ferramenta essencial no combate aos fogos rurais.

A persistência de uma onda de calor, com temperaturas que podem atingir os 43°C, é a principal causa do elevado risco de incêndio em Portugal. O IPMA prevê que, após uma ligeira descida, as temperaturas voltem a subir no fim de semana, mantendo as condições meteorológicas adversas e a pressão sobre o dispositivo de combate a incêndios.