Briefing: Tarifas e guerra comercial

O acordo entre os EUA e a China representa uma desescalada significativa, com concessões mútuas em tecnologia, tarifas e fluxos comerciais.

Embora proporcione um alívio a curto prazo aos mercados e a setores específicos, a incerteza subjacente na relação comercial entre as duas potências persiste, caracterizando o entendimento mais como uma trégua tática do que uma solução duradoura.

A decisão da UE de aumentar drasticamente as tarifas sobre o aço e reduzir as quotas de importação representa uma forte medida protecionista para apoiar a sua indústria siderúrgica contra a concorrência chinesa. Embora vise salvar empregos no setor, a medida enfrenta forte oposição de indústrias a jusante, como a metalomecânica portuguesa, que temem uma perda de competitividade devido ao aumento dos custos das matérias-primas.

A política tarifária dos EUA para o setor automóvel combina a penalização de veículos importados com o incentivo à produção local de peças, visando proteger a indústria nacional.

Esta abordagem tem provocado pressões financeiras significativas sobre construtores europeus como a Volkswagen e a Mercedes-Benz, que reportaram quedas acentuadas nos lucros, evidenciando as vastas repercussões das medidas protecionistas americanas na economia global.

O acordo tarifário entre a UE e os EUA é percebido negativamente pelas empresas europeias, que relatam impactos adversos na atividade económica e nos preços.

A combinação de exportações reduzidas, absorção de custos nas margens de lucro e, crucialmente, um aumento da concorrência interna devido ao desvio de fluxos comerciais, demonstra que o pacto político não eliminou a incerteza nem os prejuízos decorrentes das disputas comerciais.