Briefing: Tarifas e guerra comercial

O debate em torno das tarifas da administração Trump evidencia uma clara tensão entre a análise económica, que aponta para a sua ineficácia e impacto limitado na inflação, e as preocupações dos mercados e bancos centrais, que veem estas medidas como uma fonte significativa de instabilidade, risco e potencial pressão inflacionista.

A indústria automóvel está a adaptar-se ao protecionismo global através da relocalização da produção, mas esta estratégia ameaça a sobrevivência dos fornecedores europeus, que enfrentam custos mais elevados e concorrência desleal, arriscando perdas massivas de empregos e a desindustrialização do setor no continente.

As novas tarifas da UE sobre os veículos elétricos chineses marcam uma tentativa de proteger o mercado interno da concorrência considerada desleal.

Contudo, a eficácia a longo prazo desta medida é questionada por especialistas do setor, que defendem a necessidade de políticas industriais mais profundas, como requisitos de conteúdo local, para garantir a sustentabilidade e a competitividade da cadeia de valor automóvel europeia.

O setor dos semicondutores está no epicentro da rivalidade EUA-China, onde tarifas, proibições e investigações regulatórias são usadas como armas geopolíticas.

Empresas como a Nvidia são forçadas a navegar num ambiente de crescente incerteza, enquanto a China acelera a sua estratégia de autossuficiência tecnológica.

As políticas tarifárias e a instabilidade comercial entre as maiores economias do mundo estão a gerar custos operacionais e perdas de receita significativas para o setor da logística, com a FedEx a projetar um impacto de mil milhões de dólares. Este valor evidencia como as políticas protecionistas se materializam em disrupções tangíveis nas cadeias de abastecimento globais, afetando a rentabilidade e a estabilidade do comércio internacional.