Briefing: Crise no Médio Oriente

A aprovação de um novo plano militar por Israel para ocupar a Cidade de Gaza assinala uma escalada significativa no conflito, com o objetivo declarado de derrotar o Hamas e libertar reféns. A intensificação dos bombardeamentos já resultou num aumento drástico de vítimas civis, com o Hamas a denunciar uma 'política de terra queimada' e a destruição de zonas residenciais.

A crise humanitária em Gaza aprofunda-se com relatos de fome generalizada e colapso do sistema de saúde, resultando em centenas de mortes por subnutrição. Apesar dos apelos internacionais e de algumas iniciativas de ajuda, como a da Itália, a OMS e os MSF afirmam que o auxílio é insuficiente, enquanto Israel nega a gravidade da situação.

O plano de Israel para facilitar a “migração voluntária” de palestinianos de Gaza, incluindo negociações com nações africanas para o seu realojamento, enfrenta forte oposição. Embora o Sudão do Sul negue o seu envolvimento, a proposta de Netanyahu é vista pela comunidade internacional como uma tentativa de expulsão forçada, violando o direito internacional.

O assassínio de seis jornalistas palestinianos num ataque israelita em Gaza, incluindo um correspondente da Al Jazeera, gerou forte condenação internacional.

Organismos como a ONU e a UE questionam a justificação de Israel, que acusou uma das vítimas de terrorismo, e exigem uma investigação imparcial, denunciando os ataques à liberdade de imprensa.

O Hamas e a Autoridade Palestiniana mostraram-se recetivos à presença de uma força internacional em Gaza, um passo importante nas negociações de paz. Em paralelo, o Egito propõe um novo cessar-fogo de 60 dias, embora Israel, através de Netanyahu, já tenha manifestado ceticismo e rejeitado a ideia de uma nova trégua.

As potências europeias (E3) ameaçam o Irão com a reimposição de sanções se não houver progressos no dossier nuclear até ao final de agosto.

Teerão condena as sanções como 'crimes contra a humanidade', mas, em simultâneo, retoma o contacto com a AIEA, abrindo uma janela para novas negociações diplomáticas.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel declarou a solução de dois Estados como 'suicida', rejeitando categoricamente a criação de um Estado palestiniano.

Esta posição oficial do governo israelita representa um obstáculo significativo para os esforços de paz internacionais e para o futuro das negociações.

Figuras e organizações internacionais, incluindo o grupo 'The Elders' e o primeiro-ministro da Nova Zelândia, acusam abertamente Israel de cometer 'genocídio' em Gaza.

Esta escalada na retórica diplomática aumenta a pressão sobre o governo de Netanyahu e reflete um crescente isolamento de Israel na cena mundial.

O tribunal israelita determinou a retoma do julgamento de Benjamin Netanyahu por corrupção, com uma agenda intensiva de três audiências semanais a partir de novembro. A decisão de acelerar o processo, que tem sido marcado por sucessivos adiamentos, aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro, já a braços com a gestão da guerra e com uma crescente contestação.

A Autoridade Palestiniana propõe a criação de uma força internacional para garantir a segurança em Gaza no pós-guerra, defendendo que deve assumir o controlo político do território. A iniciativa diplomática visa apresentar uma solução para o futuro do enclave, embora enfrente a rejeição de Israel quanto ao papel da AP.