Briefing: Criptomoedas

O BCE está determinado em lançar o euro digital até 2029, considerando-o um passo estratégico para o futuro do sistema de pagamentos europeu.

No entanto, o sucesso da iniciativa dependerá da sua utilidade e aceitação pelo público, com estudos a indicarem que os cidadãos podem preferir modelos mais inovadores, descentralizados ou totalmente públicos do que a abordagem atualmente proposta.

As 'stablecoins' estão a evoluir de um nicho do mercado de criptoativos para uma ferramenta relevante para transações empresariais em Portugal e um foco estratégico para gigantes financeiros globais. Com mais de 500 milhões de dólares negociados localmente e o interesse ativo de empresas como a Visa e o UBS, esta tecnologia está a consolidar-se como uma peça fundamental na evolução do sistema de pagamentos, influenciando até o desenho de futuras moedas digitais de bancos centrais.

Portugal está a avançar de forma decisiva na integração do regulamento MiCA, com o apoio do Governo e da CMVM. A estratégia assenta em dois pilares: a criação de um mercado de criptoativos seguro e regulado, e o reforço da proteção do investidor através de iniciativas de literacia financeira focadas nos novos riscos e regras. Espera-se que esta clareza regulatória promova um ambiente mais seguro para o investimento e possa desbloquear o crescimento de produtos financeiros ligados a ativos digitais.

A indústria financeira portuguesa permanece dividida quanto ao papel e à legitimidade das criptomoedas.

Enquanto uma parte do setor começa a considerá-las como um instrumento de diversificação, outra mantém-se cética, comparando o investimento em criptoativos sem lastro a um jogo de sorte e associando-os a riscos de atividades ilícitas.

Esta divisão ilustra a incerteza do mercado tradicional perante a inovação e a volatilidade dos ativos digitais.