Briefing: Crise na habitação

O Governo intensificou os esforços para acelerar a entrega de habitação pública no âmbito do PRR, introduzindo mecanismos de pagamento mais ágeis para os municípios.

Contudo, persiste um atraso significativo para atingir a meta de 26 mil casas até 2026, o que coloca uma enorme pressão sobre a execução nos próximos meses.

O Governo reconhece o impacto dos altos custos dos materiais de construção e estabeleceu um grupo de trabalho multissetorial para desenvolver um plano estratégico. Esta medida procura assegurar a viabilidade dos projetos de habitação e obras públicas, enfrentando os desafios das cadeias de abastecimento e da volatilidade dos preços.

Atrasos de pagamento severos e sistemáticos no setor da construção, como evidenciado pelo relatório da Intrum, constituem um grande entrave ao aumento da oferta de habitação. Este problema de liquidez afeta a saúde financeira das empresas e compromete a sua capacidade de investimento e execução de novos projetos.

A forte valorização do imobiliário de luxo em Portugal, que coloca o país entre os líderes mundiais em crescimento de preços, evidencia a dinâmica de um mercado sob intensa pressão. Embora positivo para os investidores, este cenário agrava a crise de acessibilidade para os residentes, um desafio central para as políticas públicas.

A ascensão dos intermediários de crédito como principal canal para a obtenção de crédito à habitação em Portugal sinaliza uma mudança fundamental no mercado. Esta tendência evidencia a necessidade de apoio especializado por parte dos consumidores e representa uma nova dinâmica para o setor financeiro.

O aumento acentuado do número de despejos é um indicador alarmante da gravidade da crise habitacional em Portugal. A dificuldade em pagar rendas, aliada à pressão sobre inquilinos vulneráveis, está a deixar um número crescente de famílias sem casa, exigindo uma resposta política urgente e eficaz.

A habitação emergiu como um campo de batalha crucial nas eleições autárquicas de 2025, com os partidos a competirem com promessas de construção e reabilitação.

A proeminência do tema reflete a sua urgência para os cidadãos e a crescente responsabilidade dos municípios na procura de soluções para a crise.

O acordo de reestruturação da Country Garden é um desenvolvimento importante na crise imobiliária da China, mas não resolve os problemas estruturais do setor.

A contínua queda dos preços e a necessidade de intervenção governamental mostram que a instabilidade no maior mercado imobiliário do mundo está longe de terminar.

O mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal demonstrou uma forte resiliência e atratividade no primeiro semestre de 2025, especialmente nos setores de retalho e hotelaria. Apesar de uma desaceleração no mercado de ocupação, os fundamentos sólidos e a confiança dos investidores apontam para uma continuação da dinâmica positiva.

A morosidade na finalização do cadastro predial em Portugal é um problema estrutural com graves implicações para a gestão do território e a prevenção de incêndios.

Apesar dos esforços do BUPi, a maior parte da área nos municípios abrangidos continua por registar, perpetuando a incerteza e a vulnerabilidade.