Briefing: Crise na habitação

O custo elevado e a oferta reduzida de alojamento estudantil constituem uma barreira significativa ao acesso ao ensino superior, especialmente para famílias de classe média. A resposta governamental é considerada insuficiente, o que leva os estudantes a procurar casa com meses de antecedência e, em muitos casos, a abandonar os seus planos de estudar longe de casa, agravando as desigualdades sociais.

O INE revela que os custos de construção de habitação nova subiram 3,9% em junho, com o custo da mão de obra a aumentar 7,3%, sendo o principal motor desta subida. Este aumento contínuo nos custos de produção contribui para o encarecimento do preço final das casas, exacerbando a crise de acessibilidade à habitação em Portugal.

Dados do Idealista indicam que cada casa para arrendar recebe em média 17 contactos, sinalizando uma procura intensa.

Apesar de uma queda de 45% nos contactos por anúncio face ao ano anterior, atribuída a um ligeiro aumento da oferta, a pressão sobre o mercado persiste, com Portalegre a liderar a procura e os preços a manterem-se elevados para a maioria das famílias.

O Governo recebeu mais uma tranche do PRR, com fundos para a habitação, mas o plano é criticado pela Ordem dos Arquitetos.

O bastonário Avelino Oliveira alega que a meta de 59.000 casas é insuficiente, pois apenas um quarto são construções novas, e defende que Portugal precisa de 150.000 novas habitações para resolver a crise e aumentar o parque de habitação pública.

A Câmara do Funchal suspendeu por seis meses as novas licenças de AL para mitigar a crise habitacional. A Iniciativa Liberal critica a medida, considerando-a "populismo ineficaz" que não aumentará a oferta de arrendamento e apenas mascara a ausência de uma estratégia habitacional eficaz por parte do executivo.

O programa E-lar, com um orçamento de 30 milhões de euros do PRR, oferecerá vales de até 1.683 euros para a substituição de eletrodomésticos a gás por elétricos eficientes. A medida, que arranca a 30 de setembro, visa a transição energética e o combate à pobreza energética, embora a DECO PROTeste alerte para questões de segurança e lacunas no programa.

O "Project Horizon" prevê a construção de 800 apartamentos no Prior Velho, Loures, visando dar resposta às necessidades habitacionais da classe média na Grande Lisboa.

Com uma área de construção de mais de 100.000 m², o projeto é visto como uma oportunidade para aumentar a oferta num mercado sob forte pressão.

No primeiro trimestre de 2025, Portugal registou a maior queda (-4,5%) no rendimento real das famílias entre os países da OCDE, principalmente devido a um aumento dos impostos. Esta quebra no poder de compra agrava a crise da habitação, dificultando o acesso das famílias a rendas e à compra de casa.

A Century 21 criou a FINANCE21, uma fintech para automatizar o processo de crédito à habitação, desde a simulação à contratação.

Com o objetivo de intermediar mil milhões de euros em 2026, a plataforma visa simplificar o acesso ao financiamento e ajudar os compradores a avaliar a sua capacidade financeira antes de procurarem casa.

A habitação é um tema central nas campanhas para as eleições autárquicas.

Candidatos de vários partidos, como o Bloco de Esquerda em Braga e Faro, identificam o acesso à habitação como o principal desafio dos seus concelhos, prometendo soluções locais para a crise que afeta a generalidade dos trabalhadores.