Briefing: Encerramentos de urgências esta semana

A Linha SNS 24 está em risco de rutura devido a uma sobrecarga de chamadas sem o devido reforço de meios, com previsões de um milhão de chamadas por atender no inverno.

A situação mina a confiança dos utentes e aumenta a pressão sobre as urgências hospitalares, apesar das promessas do Governo de reforçar o serviço.

A urgência de cirurgia do Hospital de Mirandela permanece encerrada há dois anos por falta de médicos, afetando 40 mil pessoas e sem previsão de reabertura. O caso reflete a crise de recursos humanos no SNS e a falta de soluções para fixar profissionais no interior, com a FNAM a criticar a inação governamental.

A falta de médicos força o encerramento recorrente das urgências de obstetrícia nos hospitais do Barreiro e Setúbal, sobrecarregando o Hospital Garcia de Orta. Esta crise aumenta o risco para as grávidas, resultando num número crescente de partos em ambulâncias, enquanto se aguardam soluções estruturais como a criação de uma urgência regional.

O encerramento de maternidades está a provocar um aumento recorde de partos em ambulâncias, com mais de 60 casos registados em 2025. A situação expõe os riscos para mães e bebés, com o Diretor do SNS a admitir que o fenómeno pode ser minimizado mas não erradicado, mesmo com a criação de urgências regionais.

Um bebé nasceu na receção do Hospital de Gaia, com o pai a alegar que a criança caiu ao chão por falta de assistência, o que o hospital nega. O caso, que expõe falhas na resposta da urgência, motivou a abertura de um inquérito pela IGAS e uma reação de “consternação” por parte da Ministra da Saúde.

Um parto de emergência ocorreu à porta do Hospital de Sintra, que não tem valência de obstetrícia, e foi assistido por uma agente da PSP. A ULS Amadora-Sintra considerou a resposta um “caso exemplar” de articulação, enquanto a Ministra da Saúde pediu esclarecimentos sobre o incidente.

A diretora clínica da ULS Amadora-Sintra, Diana Sousa Mendes, demitiu-se do cargo, alegando motivos pessoais.

A sua saída ocorre num momento de crise aguda nas urgências do Hospital Fernando Fonseca, marcadas por tempos de espera excessivos e falta de recursos, refletindo a pressão sobre a gestão hospitalar no SNS.

Para prevenir a sobrecarga das urgências no inverno, o Governo implementou um plano sazonal que obriga as ULS a reorganizar escalas, alargar horários nos centros de saúde e ativar mais camas.

O encerramento de urgências passa a exigir autorização prévia da Direção Executiva do SNS, numa tentativa de garantir uma resposta mais robusta do sistema.

O Hospital de São José enfrenta um congestionamento crónico devido à ocupação de 103 camas por doentes sociais, que já tiveram alta mas não têm para onde ir. Esta situação bloqueia o internamento de novos doentes, forçando-os a esperar dias em macas na urgência e evidenciando a falta de respostas sociais articuladas.

O Governo planeia criar urgências regionais, começando pela obstetrícia, para combater a falta de médicos e os encerramentos de serviços. A medida visa concentrar recursos em hospitais de referência, mas as autoridades admitem que poderá levar a um aumento de partos em ambulância devido às maiores distâncias que as grávidas terão de percorrer.