Briefing: Guerra da Ucrânia vs Rússia

A natureza coordenada e a frequência das incursões russas em toda a Europa do Norte e de Leste representam uma escalada significativa na guerra híbrida, forçando a NATO e a UE a confrontar desafios diretos à sua integridade territorial e a encetar discussões urgentes sobre os protocolos de defesa coletiva.

A dupla resposta — um escudo de defesa tecnológico ("muro de drones") e consultas diplomáticas de alto nível (Artigo 4.º) — demonstra a crescente perceção de ameaça na Europa, movendo a aliança de uma postura de dissuasão para uma de defesa ativa e coordenada contra a guerra híbrida russa.

A aparente reviravolta de Trump, embora verbalmente favorável à Ucrânia, é vista com desconfiança na Europa como uma manobra para diminuir o envolvimento direto dos EUA, colocando o ónus financeiro e militar sobre a NATO e a UE, enquanto continua a promover a venda de armas americanas.

As eleições na Moldova tornaram-se um ponto focal da guerra híbrida de Moscovo, com acusações de compra de votos, desinformação e treino de desestabilizadores, transformando o ato eleitoral num referendo sobre a soberania do país e a segurança do flanco oriental da Europa.

Apesar dos avanços táticos da Rússia no leste, a guerra continua a ser de atrito, com a Ucrânia a responder com ataques assimétricos a infraestruturas energéticas e militares russas, demonstrando a sua capacidade de infligir custos à retaguarda de Moscovo.

A mudança de posição da Alemanha, a maior economia da UE, pode desbloquear um mecanismo financeiro crucial para garantir o apoio militar à Ucrânia a longo prazo, sinalizando uma maior autonomia e responsabilidade europeia na gestão do conflito.

O confronto verbal entre a Ucrânia e a Hungria expõe as profundas fissuras políticas dentro da Europa em relação à Rússia, com Budapeste a manter uma postura ambígua que gera desconfiança e acusações diretas por parte de Kiev.

O debate sobre o abate de aeronaves russas revela a linha ténue que os líderes ocidentais estão a percorrer, divididos entre a necessidade de projetar força e credibilidade para deter Moscovo e o receio de uma escalada militar direta e incontrolável com uma potência nuclear.

A potencial utilização da "frota fantasma" russa como plataforma para operações de drones e sabotagem representa uma evolução na guerra híbrida, transformando navios civis em vetores de ataque que operam numa zona cinzenta legal e desafiam a segurança de infraestruturas críticas europeias.

A Alemanha está a empreender uma profunda reestruturação da sua política de defesa, abandonando décadas de subinvestimento para se tornar um pilar da segurança europeia, através do reforço das suas forças armadas e do fomento de uma base industrial de defesa continental.