Briefing: Governo e oposição

O PSD alcançou uma vitória estratégica nas autárquicas, tornando-se a maior força política local ao conquistar 136 câmaras e a liderança da ANMP e Anafre.

O triunfo nos maiores municípios do país e em bastiões socialistas consolida a base de poder do partido e fortalece a posição do governo de Luís Montenegro.

O PS deixou de ser a principal força autárquica, perdendo a liderança da ANMP e câmaras importantes como Sintra e Gaia.

Contudo, o partido demonstrou resiliência ao conquistar cinco novas capitais de distrito, incluindo vitórias históricas em Viseu e Bragança, o que permitiu à sua liderança reivindicar um regresso político e travar uma derrota mais expressiva.

A CDU sofreu o seu pior resultado autárquico de sempre, caindo de 19 para 12 câmaras e perdendo as suas últimas capitais de distrito, Évora e Setúbal. Apesar da conquista de quatro novos municípios, a perda de bastiões históricos confirma um acentuado declínio da sua influência no poder local.

O Chega alcançou um resultado histórico ao eleger três presidentes de câmara e aumentar a sua representação local, mas falhou as metas ambiciosas definidas pelo seu líder.

O desempenho confirma a sua implantação como força autárquica, embora a sua influência seja consideravelmente menor do que a registada a nível nacional.

A vitória do PS em Coimbra, liderada por Ana Abrunhosa, representa uma importante reconquista simbólica, mas a ausência de maioria absoluta impõe um mandato de negociação. O novo executivo, dividido entre PS e PSD e com a entrada do Chega, enfrentará desafios de governabilidade para implementar as suas políticas.

O PS conquistou a Câmara de Viseu pela primeira vez, quebrando um ciclo de 36 anos de poder do PSD. A vitória de João Azevedo resulta num executivo sem maioria, onde o PS e o PSD têm quatro vereadores cada, e o vereador eleito pelo Chega assume uma posição decisiva para a governabilidade.

O PSD, em coligação com IL e PAN, venceu a Câmara de Sintra, terminando um ciclo de 12 anos do PS no poder. A vitória de Marco Almeida, embora sem maioria absoluta, reconfigura o poder num dos maiores concelhos do país, onde o Chega emerge como terceira força política, tornando a governação um desafio de negociação permanente.

A coligação PSD/CDS-PP, liderada por Ricardo Araújo, obteve uma vitória histórica em Guimarães, conquistando a câmara com maioria absoluta e pondo fim a 36 anos de domínio socialista.

Esta mudança num bastião do PS, juntamente com a entrada do Chega na vereação, assinala uma profunda reconfiguração do poder político no concelho.

Os movimentos independentes afirmaram-se como uma terceira força no poder local, conquistando 20 municípios e provocando mudanças históricas em bastiões do PS e da CDU.

Este crescimento, muitas vezes liderado por dissidentes, sinaliza um desgaste dos partidos tradicionais e uma valorização de projetos focados em políticas de proximidade.

A CDU sofreu uma derrota histórica no Alentejo Litoral, perdendo as câmaras de Alcácer do Sal e Grândola para o PS, e Santiago do Cacém para um movimento independente.

A única vitória em Sines não foi suficiente para evitar a perda de hegemonia da coligação numa das suas regiões mais emblemáticas.