Briefing: Crise humanitária em Gaza

O processo de devolução dos corpos de reféns israelitas pelo Hamas continua, sendo um elemento central mas complexo do atual cessar-fogo. Apesar dos progressos na identificação de várias vítimas, a operação enfrenta obstáculos logísticos e acusações de atrasos deliberados, refletindo as profundas desconfianças que persistem entre as partes.

O futuro de Gaza está no centro de um intenso debate diplomático, opondo a visão de uma força de estabilização internacional, apoiada pelos EUA, à exigência de autogoverno por parte de nações muçulmanas.

A resolução desta questão é fundamental para a reconstrução e estabilidade a longo prazo do enclave.

O caso de abuso em Sde Teiman e a subsequente crise institucional em Israel revelaram as graves violações de direitos humanos em centros de detenção de palestinianos.

A demissão e detenção da procuradora militar por divulgar o vídeo evidenciam as profundas tensões entre a segurança do Estado e a transparência.

A guerra em Gaza teve um impacto desproporcional e catastrófico sobre as crianças, com um relatório a indicar que um terço das crianças vítimas de violência em conflitos a nível mundial em 2024 era palestiniana.

Estes dados alarmantes refletem a profunda crise humanitária que assola o enclave.

A Turquia consolidou o seu papel como mediador e influente ator regional no conflito de Gaza, defendendo a autodeterminação palestiniana e procurando participar ativamente na estabilização pós-guerra, embora as suas ambições enfrentem a desconfiança de Israel.

Avança no parlamento israelita uma controversa lei de pena de morte direcionada a palestinianos, refletindo a radicalização política em tempos de guerra.

A medida, apoiada pela extrema-direita, foi duramente condenada pelo Hamas como fascista e violadora do direito internacional.

A guerra em Gaza intensificou a crise do recrutamento militar em Israel, opondo as necessidades das forças armadas à recusa da comunidade ultraortodoxa em cumprir o serviço militar.

Os protestos massivos e a polarização social representam um desafio significativo para a coesão nacional e para o governo israelita.

O cessar-fogo em Gaza, estruturado em duas fases, logrou sucesso inicial na troca de reféns e prisioneiros, mas a sua sustentabilidade é ameaçada pela desconfiança e por incidentes no terreno.

A transição para uma segunda fase, que aborda questões cruciais como o desarmamento e a governação, permanece incerta e altamente desafiadora.

Após dois anos, a guerra iniciada a 7 de outubro de 2023 resultou numa catástrofe humanitária em Gaza, com um número de mortos superior a 68 mil e uma destruição generalizada. O conflito redefiniu o cenário de segurança regional e, apesar de um cessar-fogo, as perspetivas de uma paz duradoura são frágeis.

A mediação conjunta dos Estados Unidos, Egito e Qatar foi instrumental para alcançar o cessar-fogo em Gaza, demonstrando a importância da diplomacia multilateral.

O sucesso contínuo do processo de paz dependerá da capacidade destes atores de gerir as complexas exigências de Israel e do Hamas na próxima fase das negociações.