Briefing: Crise humanitária em Gaza

A declaração oficial de fome em Gaza pela ONU intensificou a pressão internacional sobre Israel, que, juntamente com os EUA, rejeita as conclusões. A situação humanitária é catastrófica, com centenas de mortes por fome, especialmente entre crianças, e as agências de ajuda humanitária a exigirem o fim imediato do bloqueio.

O plano de Israel para uma ofensiva em larga escala na Cidade de Gaza suscitou alarmes sobre uma deslocação forçada em massa. A ONU e o CICV consideram uma evacuação segura impossível nas condições atuais, enquanto o Egito militarizou a sua fronteira para evitar um potencial afluxo de refugiados, sinalizando a sua rejeição a tal cenário.

A morte de pelo menos seis jornalistas em ataques israelitas no Hospital Nasser provocou condenação global.

Enquanto Israel descreve o incidente como um "acidente trágico" e promete investigar, líderes e organismos internacionais exigem responsabilização e proteção para civis e profissionais da comunicação num dos conflitos mais mortais da história para a imprensa.

Com o número de mortos em Gaza a ultrapassar os 63.000, o custo humano do conflito continua a aumentar drasticamente. Os dados do Ministério da Saúde de Gaza destacam não só as vítimas de ações militares diretas, mas também um número crescente de mortes por fome e ataques a quem procura ajuda, no meio de uma destruição generalizada e acusações de genocídio.

Israel é acusado de obstruir sistematicamente a ajuda humanitária a Gaza, rejeitando uma grande percentagem de camiões provenientes do Egito e criando atrasos severos. Este bloqueio é identificado pela ONU como a principal causa da fome, enquanto relatos de desaparecimentos forçados em pontos de distribuição de ajuda aumentam a gravidade da crise humanitária.

Existe um fosso significativo entre a posição do Hamas, que aceitou uma proposta de trégua de 60 dias, e a do governo israelita, que ainda não respondeu e parece focado nos seus objetivos militares.

Este impasse persiste apesar da intensa pressão interna em Israel, com manifestantes e famílias de reféns a exigirem um acordo para acabar com a guerra.

A recuperação dos corpos de dois reféns sublinha a realidade sombria que os cativos enfrentam em Gaza. Com apenas uma estimativa de 20 dos 48 reféns restantes ainda vivos, as suas famílias lideram protestos massivos em Israel, exigindo uma solução diplomática para garantir o seu regresso.

As discussões sobre o pós-guerra em Gaza, lideradas pelos EUA, excluem as vozes palestinianas.

As propostas variam entre a controversa visão de desenvolvimento de Trump e os planos radicais de anexação da extrema-direita israelita, enquanto o plano oficial do governo de Israel sugere uma administração civil não-israelita, evidenciando uma falta de consenso sobre a futura governação do território.

A retenção por parte de Israel de mais de dois mil milhões de dólares em receitas fiscais está a levar a Autoridade Palestiniana à beira do colapso financeiro.

A ONU alertou o Conselho de Segurança que esta ação viola acordos internacionais e ameaça gravemente a estabilidade das instituições palestinianas na Cisjordânia.

Israel enfrenta uma pressão internacional crescente através de ações concretas, incluindo uma suspensão total do comércio por parte da Turquia e o desinvestimento do fundo soberano da Noruega.

A Organização para a Cooperação Islâmica também apelou a sanções generalizadas, sinalizando um esforço coordenado de várias nações para isolar Israel económica e diplomaticamente devido às suas ações em Gaza.