Briefing: Presidenciais 2026

A candidatura de André Ventura polariza a corrida presidencial, centrando-a num confronto direto com Gouveia e Melo e obrigando os restantes candidatos a posicionarem-se claramente contra o seu discurso radical, redefinindo assim as linhas de força da campanha.

A provável marcação das eleições presidenciais para 18 de janeiro reflete uma decisão pragmática do Presidente para assegurar a máxima participação democrática, com o anúncio oficial a ser estrategicamente adiado para depois do ciclo eleitoral autárquico.

A intervenção de Cavaco Silva introduziu no debate presidencial a dicotomia entre candidatos com experiência política e ‘outsiders’, defendendo a primeira como essencial para a estabilidade do país e influenciando a perceção pública sobre as qualificações necessárias para o cargo.

Henrique Gouveia e Melo constrói ativamente uma imagem de ‘outsider’ independente, desafiando a premissa de que a experiência partidária é essencial para a Presidência e posicionando-se como uma figura unificadora, acima das divisões políticas tradicionais.

Marques Mendes define a sua campanha como o pilar da estabilidade e moderação, abraçando estrategicamente o epíteto de “candidato do sistema” para se contrapor ao radicalismo de outros candidatos e valorizar a sua vasta experiência política.

António José Seguro posiciona-se como um candidato independente e agregador, focado na resolução dos problemas do país e procurando construir uma base de apoio transversal, que vá além das fronteiras partidárias, enquanto aguarda a decisão formal do PS.

O PS adiou estrategicamente a sua decisão sobre o apoio presidencial para depois das autárquicas, gerando um compasso de espera que deixa a candidatura de António José Seguro, por agora, sem o endosso oficial do partido.

A acentuada quebra na popularidade de Marcelo Rebelo de Sousa nos últimos meses do seu mandato reflete o desgaste político e prepara o terreno para uma campanha presidencial onde o seu estilo e legado serão amplamente debatidos pelos candidatos.

As eleições autárquicas de outubro estão a impor uma pausa tática na corrida presidencial, com os principais intervenientes a aguardarem pelos resultados para reavaliarem o cenário político e lançarem as suas principais iniciativas de campanha.

O apoio do Presidente ao reconhecimento do Estado da Palestina realça as suas prerrogativas em política externa e introduz um tema fraturante na campanha presidencial, evidenciado pela oposição imediata do partido Chega.