Briefing: Presidenciais 2026

A controvérsia em torno do Ministro da Educação dominou o debate político, com a oposição a exigir a sua demissão e os candidatos presidenciais a utilizarem o incidente para criticar o Governo e apelar a maior sensibilidade social, transformando um comentário sobre residências universitárias num teste à responsabilidade política do executivo.

O debate sobre a transparência financeira tornou-se um campo de batalha na campanha, com António José Seguro a defender a divulgação total de rendimentos, enquanto Luís Marques Mendes enfrenta pressão para revelar os seus clientes, uma questão explorada por João Cotrim Figueiredo para questionar a sua coerência.

A formalização das principais candidaturas coincidiu com a divulgação de sondagens que apontam para um empate técnico a três na primeira volta, mas com uma clara vantagem para Marques Mendes numa segunda volta, obrigando os candidatos a gerir as expectativas e a intensificar os esforços para conquistar os indecisos.

O chumbo da Lei da Nacionalidade pelo Tribunal Constitucional redefiniu o campo de batalha presidencial, forçando os candidatos a posicionarem-se sobre a Constituição, a imigração e o papel das instituições, com André Ventura a criticar o tribunal e outros candidatos a defenderem a legalidade ou a oportunidade para repensar a lei.

A greve geral e a reforma laboral tornaram-se um tema central na campanha, expondo as divisões entre os candidatos.

A mudança de posição de André Ventura foi o principal foco de críticas, com os adversários a acusá-lo de oportunismo político, enquanto os restantes candidatos consolidaram as suas posições sobre os direitos dos trabalhadores.

O frente a frente entre António José Seguro e João Cotrim Figueiredo revelou-se um debate tenso, onde Cotrim criticou a alegada falta de propostas concretas de Seguro, enquanto este explorou as aparentes contradições do liberal, especialmente em relação à Lei da Nacionalidade, num claro esforço para se diferenciarem perante o eleitorado.

O debate entre Ventura e Gouveia e Melo foi dominado pela questão da Lei da Nacionalidade e da Constituição. Ventura atacou o almirante por o considerar um candidato do sistema e do PS, enquanto Gouveia e Melo defendeu o primado da lei, mas abriu a porta a uma revisão constitucional à direita, num confronto que clarificou as suas posições antagónicas.

Ao anunciar que prescinde da sua pensão e de um gabinete de ex-Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa marca o fim do seu mandato com um gesto simbólico de desprendimento. A sua elevada popularidade final, superior à do seu antecessor, e a preocupação com uma transição ordeira solidificam a sua imagem antes da passagem de testemunho em Belém.

A clarificação de apoios marcou a semana, com José Luís Carneiro a defender a candidatura de Seguro e a criticar as ambições de Gouveia e Melo no eleitorado do PS.

Simultaneamente, Marques Mendes consolidou o seu apoio no seio do PSD, ilustrando a crescente importância das alianças partidárias e individuais na definição da corrida presidencial.

A ponderação da suspensão dos plenários parlamentares antes de uma possível segunda volta das presidenciais reflete um esforço para salvaguardar a neutralidade do processo eleitoral. A medida, se adotada, alinharia o procedimento da segunda volta com o da primeira, visando evitar a interferência do debate partidário na reta final da corrida a Belém.