Briefing: Tarifas e guerra comercial

O acordo tarifário de 15% entre os EUA e a UE, embora evitando cenários piores, introduziu volatilidade nos mercados e preocupação institucional.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, admitiu que as taxas são superiores às projetadas, e setores empresariais manifestam incerteza sobre o futuro das relações comerciais, apesar dos esforços das autoridades europeias para garantir estabilidade.

A isenção da cortiça no acordo tarifário EUA-UE foi um triunfo para a indústria portuguesa, reconhecendo a sua singularidade global.

A notícia impulsionou a Corticeira Amorim para ganhos recorde em bolsa e reforçou a competitividade do setor num mercado crucial, contrastando com a incerteza que afetou outras áreas da economia.

Os setores vinícola e farmacêutico europeus reagiram com apreensão à nova tarifa de 15% dos EUA.

As empresas de vinho mostraram-se desapontadas, enquanto a indústria farmacêutica, apesar de aliviada por evitar taxas mais altas, enfrenta agora um aumento de custos que gera incerteza sobre a sua competitividade futura no mercado norte-americano.

O alargamento das tarifas de 50% sobre o aço e o alumínio a mais de 400 novos produtos pelos EUA representa uma escalada protecionista com vastas implicações.

A recusa em conceder isenções à UE agrava as tensões comerciais e ameaça aumentar os custos para múltiplos setores em ambos os lados do Atlântico, apesar do objetivo declarado de proteger a indústria americana.

A imposição de novas tarifas dos EUA sobre pequenas encomendas provocou uma disrupção na logística global, forçando a DHL e outros operadores europeus a restringir os seus serviços.

A medida, justificada por razões fiscais e de segurança, aumenta os custos e a complexidade para o comércio eletrónico transatlântico, com impacto direto em empresas e consumidores.

As declarações de Jerome Powell em Jackson Hole evidenciaram a complexa interação entre a política comercial e a política monetária. O presidente da Fed alertou que as tarifas de Trump podem alimentar a inflação, complicando a decisão de cortar as taxas de juro e colocando a instituição numa posição delicada entre o controlo de preços e o apoio ao emprego.

A nova legislação ambiental da administração Trump ameaça eliminar uma fonte de receita vital para a Tesla, avaliada em milhares de milhões de euros. Ao terminar com as multas por excesso de emissões, a lei torna obsoleta a venda de créditos de carbono, o que poderá impactar significativamente a rentabilidade futura da fabricante de veículos elétricos.

As ameaças tarifárias e os elevados custos da transição energética estão a levar a uma aliança sem precedentes entre as rivais Mercedes-Benz e BMW.

A potencial partilha de motores e de produção, incluindo em fábricas nos EUA para evitar tarifas, representa uma viragem estratégica motivada pela necessidade de reduzir custos e adaptar-se a um novo paradigma geopolítico e industrial.

A Autoeuropa adotou uma estratégia deliberada para contornar as tarifas norte-americanas, dedicando a produção do seu novo elétrico ID.EVERY1 ao mercado europeu.

Esta decisão não só garante o futuro da fábrica de Palmela, mas também a posiciona como um pilar na estratégia de eletrificação da Volkswagen na Europa, imune às tensões comerciais transatlânticas.

As negociações entre a Boeing e a China para uma encomenda massiva de aviões são um potencial ponto de viragem nas relações comerciais EUA-China. O acordo, se concretizado, poderá sinalizar um desanuviamento das tensões tarifárias e a retoma de uma cooperação económica estratégica entre as duas maiores economias do mundo.