Briefing: Tarifas e guerra comercial

A entrada em vigor das novas tarifas dos EUA criou um cenário de instabilidade económica global, com previsões de abrandamento do crescimento e aumento da inflação. Apesar das expectativas de receita do governo norte-americano, os impactos negativos no comércio internacional e nas economias internas, incluindo a dos próprios EUA, são uma preocupação generalizada entre analistas e organizações internacionais.

O acordo de 15% entre a UE e os EUA aliviou a tensão de uma guerra comercial total, mas a ameaça de futuras subidas tarifárias e a dependência de investimentos privados europeus nos EUA mantêm a incerteza.

Empresas europeias procuram ativamente estratégias legais para atenuar os custos, enquanto Bruxelas aguarda o cumprimento integral do pactuado.

A tarifa de 100% sobre semicondutores importados pelos EUA visa forçar a relocalização da produção para o país, mas isenta empresas estratégicas como a Apple e a TSMC que já investem localmente.

A medida marca uma viragem protecionista na política industrial tecnológica, com consequências diretas para a cadeia de fornecimento global.

A forte quebra nas exportações portuguesas para os EUA em junho, ainda antes da aplicação das tarifas, evidencia a vulnerabilidade da economia nacional às tensões comerciais.

O Governo respondeu com um diálogo direto com os setores afetados e a implementação de medidas de apoio para promover a diversificação de mercados e reforçar a competitividade das empresas.

A imposição de tarifas de 50% pelos EUA à Índia, motivada por razões geopolíticas ligadas à Rússia, resultou na suspensão imediata de importações de têxteis por grandes retalhistas americanos.

A medida ameaça gravemente um setor chave da economia indiana e intensifica as tensões comerciais entre os dois países.

As tarifas de 50% impostas pelos EUA ao Brasil provocaram uma reação em múltiplas frentes: empresas como a Taurus estão a deslocalizar a produção, o setor do calçado prevê perdas massivas de empregos e o governo brasileiro recorreu à OMC, embora mantenha canais de diálogo abertos com Washington.

As tarifas dos EUA provocaram uma erosão acentuada nos lucros de gigantes automóveis como a Toyota e a Honda, que registaram quedas de 37% e 50%, respetivamente.

O setor, tanto no Japão como na Alemanha, enfrenta um ambiente comercial adverso que está a forçar uma reavaliação das estratégias para o mercado norte-americano.

A imposição de uma tarifa de 39% pelos EUA à Suíça coloca em risco setores vitais como a relojoaria de luxo e o comércio de ouro, antecipando-se um aumento de preços para o consumidor americano. O governo suíço iniciou negociações de emergência para tentar mitigar o severo impacto económico.

A ameaça de tarifas de até 250% sobre produtos farmacêuticos por parte dos EUA visa pressionar a indústria a produzir localmente, colocando em risco um volume significativo de exportações europeias e portuguesas. A medida injeta uma forte dose de pessimismo e incerteza num setor global altamente dependente de cadeias de abastecimento internacionais.

Apesar de enfrentar tarifas superiores a 28% na União Europeia, a Zeekr mantém-se firme nos seus planos de expansão no continente.

Esta decisão demonstra a forte aposta estratégica dos fabricantes chineses no mercado europeu de veículos elétricos, mesmo num ambiente comercial cada vez mais protecionista.