Briefing: Tarifas e guerra comercial

A imposição de tarifas de 15% pelos EUA sobre a UE causou uma redução de 8,1% nas exportações portuguesas no primeiro semestre, levando o Governo a criar linhas de crédito de apoio e a procurar diversificar os mercados de exportação para mitigar a instabilidade económica.

A indústria do calçado de Portugal identifica uma oportunidade de crescimento no mercado dos EUA, uma vez que as tarifas de 15% aplicadas aos seus produtos são inferiores às dos seus principais concorrentes. Esta vantagem está a impulsionar uma estratégia de reforço das exportações para os EUA, com algumas empresas a absorverem parte dos custos para manter a competitividade.

As tarifas impostas pela UE sobre os VEs chineses estão a incentivar fabricantes como a BYD a transferir a produção para a Europa, como forma de evitar as taxas.

Esta mudança estratégica, com fábricas planeadas na Hungria e Turquia, representa uma oportunidade para países como Portugal atraírem investimento industrial e reforçarem a sua posição na cadeia de valor automóvel.

O acordo comercial UE-Mercosul é uma resposta estratégica às tensões comerciais com os EUA, oferecendo aos exportadores portugueses, especialmente nos setores agroalimentar e metalomecânico, acesso a um vasto mercado com tarifas reduzidas.

A proteção de Indicações Geográficas e a diversificação de parceiros comerciais são vistas como vantagens cruciais para a economia nacional.

A tarifa de 15% dos EUA sobre produtos farmacêuticos da UE exemplifica como políticas comerciais abrangentes podem devastar economias locais especializadas, como a de Westport, na Irlanda, cuja indústria de Botox depende fortemente do mercado americano.

A situação evidencia a vulnerabilidade das cadeias de abastecimento globais e o impacto direto das tarifas no emprego e na estabilidade económica regional.

A imposição de uma sobretaxa de 50% pelos EUA resultou numa queda imediata de 18,5% nas exportações do Brasil para aquele mercado, afetando setores chave como o mineiro e o aeronáutico.

A medida ilustra a vulnerabilidade da balança comercial brasileira a decisões unilaterais e poderá estar a acelerar uma diversificação de parceiros comerciais, com um reforço das vendas para a China e outros mercados latino-americanos.

A indústria têxtil portuguesa está a ser duplamente penalizada pelas tarifas dos EUA, que não só dificultam o acesso direto a esse mercado, mas também intensificam a concorrência na Europa devido ao desvio de produção de concorrentes asiáticos.

Perante o risco de falências e despedimentos, o setor apela a medidas governamentais urgentes para garantir a sua sobrevivência.

As tarifas de 15% entre os EUA e a UE estão a impactar o setor de automóveis de luxo, como evidenciado pelas preocupações do CEO da Lamborghini. A medida demonstra que mesmo os produtos de alto valor não estão imunes às tensões comerciais, forçando aumentos de preços que afetam a decisão de compra até dos consumidores mais ricos e reforçando a preferência da indústria pelo livre comércio.

As barreiras tarifárias impostas à China pela UE e pelos EUA criam uma oportunidade para Portugal atrair investimento industrial chinês em setores estratégicos como o dos veículos elétricos e energias renováveis.

A CCILC apela a uma ação proativa para capitalizar esta tendência, competindo com outros países europeus para se tornar um polo de produção para empresas chinesas que visam o mercado europeu.

A quase totalidade dos líderes da indústria de bens de consumo (98%) reporta um impacto negativo das tarifas nas suas margens e operações, tornando o crescimento rentável um desafio maior.

As empresas estão a ser forçadas a reajustar estratégias e a recorrer a tecnologias como a IA para navegar num ambiente económico global cada vez mais complexo e protecionista.