Briefing: Tarifas e guerra comercial

As ameaças de tarifas de 100% por parte de Donald Trump contra a China provocaram quedas acentuadas nos mercados de ações e criptomoedas. A resposta agressiva de Pequim e a subsequente moderação no discurso de Trump evidenciaram a elevada volatilidade e a dependência dos mercados da retórica comercial entre as duas potências.

A China impôs controlos à exportação de terras raras como retaliação às ameaças tarifárias dos EUA, gerando preocupações na indústria automóvel e tecnológica europeia devido à sua dependência destes materiais. A medida evidencia a utilização de recursos estratégicos como arma na guerra comercial, levando a reações como a intervenção do governo holandês na Nexperia.

O preço do ouro atingiu valores recorde, superando os 4.200 dólares por onça, impulsionado pela instabilidade geopolítica e pelas tensões comerciais EUA-China.

A forte procura por parte de investidores e bancos centrais, que procuram um ativo de refúgio seguro, solidificou o estatuto do ouro como proteção contra a desvalorização do dólar e a incerteza económica.

A Stellantis anunciou um investimento maciço de 13 mil milhões de dólares para expandir a sua produção nos EUA em 50%.

Esta decisão estratégica visa contornar as onerosas tarifas de importação sobre veículos fabricados na Europa, que impactaram negativamente a sua rentabilidade e levaram a uma revisão em baixa do seu 'rating' pela Moody's.

Contrariamente às expectativas, o comércio global mostrou uma forte resiliência, crescendo a um ritmo recorde na primeira metade de 2025, apesar das elevadas tarifas dos EUA.

Um relatório da DHL indica que o impacto foi contido, com a China a desviar exportações para outros mercados e o comércio a tornar-se menos regionalizado.

O Banco Central Europeu alertou para os riscos crescentes que as tensões comerciais e as tarifas elevadas representam para a estabilidade do setor bancário europeu.

Num cenário adverso, o BCE estima que o crédito malparado possa atingir níveis de 2014, com perdas agregadas superiores a 600 mil milhões de euros, apelando à prudência dos bancos e a um reforço da arquitetura financeira europeia.

As tarifas norte-americanas estão a impactar negativamente as vendas de construtores automóveis alemães como a Porsche e a Volkswagen nos EUA. Ambas as marcas reportaram quebras nas entregas, citando as barreiras comerciais como um fator que aumenta os custos e a complexidade de operar num dos seus mercados mais importantes.

Apesar de uma revisão positiva nas suas previsões de vendas, a Levi Strauss viu as suas ações caírem devido a preocupações com o impacto dos custos das tarifas aduaneiras.

A reação negativa dos investidores demonstra a crescente sensibilidade do mercado aos riscos comerciais, que podem comprometer a rentabilidade das empresas.

A indústria têxtil portuguesa mostrou-se resiliente às tarifas dos EUA, com as exportações a registarem uma queda marginal inferior a 1%, um desempenho superior ao da concorrência.

Empresas como a Texser continuam a apostar no mercado americano como um vetor de crescimento, demonstrando a competitividade e capacidade de adaptação do setor.

A TSMC registou um lucro recorde de quase 40%, impulsionado pela forte procura no setor de IA, apesar de operar no contexto de tensões comerciais entre os EUA e a China. A empresa está a diversificar a sua produção com novas fábricas nos EUA e no Japão, e os analistas acreditam que a sua posição dominante no mercado de semicondutores a protegerá de um eventual impacto significativo de tarifas.