Briefing: Tarifas e guerra comercial

A ameaça de imposição de tarifas de 100% sobre produtos chineses por parte dos EUA provocou quedas abruptas e generalizadas nas bolsas de valores de todo o mundo, evidenciando o receio dos investidores perante uma possível guerra comercial e uma consequente recessão económica global.

O anúncio de tarifas dos EUA sobre a China provocou um colapso recorde no mercado de criptomoedas, com liquidações na ordem dos 20 mil milhões de dólares, demonstrando a elevada sensibilidade destes ativos à instabilidade macroeconómica e geopolítica.

Para proteger a sua indústria siderúrgica estratégica da concorrência global e da sobrecapacidade, a Comissão Europeia propôs medidas protecionistas robustas, incluindo a redução das quotas de importação isentas de taxas em quase 50% e a duplicação das tarifas para 50% sobre os volumes excedentes.

Setores-chave da indústria europeia, como o automóvel e o metalúrgico, rejeitaram veementemente as novas tarifas sobre o aço propostas por Bruxelas.

As associações alertam que a medida protecionista terá o efeito contrário ao pretendido, aumentando os custos, reduzindo a competitividade global e pondo em risco a reindustrialização da Europa.

A política de tarifas dos EUA está a forçar as empresas exportadoras portuguesas a sacrificar as suas margens de lucro para se manterem competitivas. Uma análise do Banco de Portugal confirma que o crescimento das exportações para o mercado norte-americano abrandou significativamente, afetando sobretudo as empresas de menor dimensão.

A indústria siderúrgica do Reino Unido está em alerta máximo devido às propostas de tarifas da UE, temendo que o desvio de aço para o seu mercado possa ser 'fatal' para os produtores locais.

O governo britânico procura agora obter esclarecimentos urgentes de Bruxelas para evitar uma crise no setor.

As tarifas impostas pelos EUA estão a ter um impacto direto e negativo na indústria automóvel europeia.

Empresas como a Aston Martin e a Renault estão a ser forçadas a rever em baixa as suas projeções financeiras e a considerar medidas de reestruturação, incluindo cortes de postos de trabalho, para fazer face à quebra na procura e à pressão sobre as margens.

Perante o impacto económico negativo das tarifas norte-americanas, o Banco Central Europeu, através da sua presidente Christine Lagarde, apela a um fortalecimento do papel internacional do euro.

A estratégia passa por aprofundar a integração do mercado único de capitais para aumentar a resiliência e a autonomia da zona euro face às políticas comerciais dos EUA.