Briefing: Tarifas e guerra comercial

A imposição de tarifas sobre madeira e móveis por parte dos EUA, justificada por razões de segurança nacional, representa mais um passo na agenda protecionista da administração Trump.

A medida, que inclui uma taxa de 10% sobre madeira, afeta diretamente as exportações europeias e já causa um impacto negativo em empresas portuguesas do setor, como a Altri e a Navigator.

A nova tarifa de 100% sobre produtos farmacêuticos importados, anunciada por Donald Trump, visa forçar a produção nos EUA, isentando apenas as empresas que aí invistam. Embora a indústria europeia preveja um aumento de custos, algumas empresas como a Hovione afirmam que os seus investimentos nos EUA seguem uma estratégia de proximidade ao cliente, e não uma resposta direta às pressões tarifárias.

A imposição de tarifas pela UE sobre veículos elétricos chineses não travou a expansão destas marcas na Europa.

Os construtores asiáticos respondem com uma ofensiva comercial contínua e planos de produção local para contornar as taxas, enquanto a China implementa controlos de exportação para gerir o seu mercado.

Os EUA confirmaram a redução retroativa das tarifas sobre automóveis da UE para 15%, cumprindo o acordo comercial de julho e aliviando a pressão sobre a indústria europeia.

Apesar deste avanço, persistem tensões comerciais significativas, nomeadamente as pesadas tarifas sobre o aço e o alumínio europeus, que continuam em negociação.

A política tarifária dos EUA é vista como uma mudança estrutural e duradoura, que, ao visar principalmente a China, abre uma janela de oportunidade para a Europa. Analistas defendem que as empresas europeias capitalizadas e flexíveis podem beneficiar, embora existam apelos para que a UE não adote uma postura protecionista semelhante.

Apesar de um terceiro trimestre com lucros acima do esperado, a H&M alertou que as tarifas dos EUA sobre as importações irão pressionar as suas margens de lucro no final do ano. Este aviso demonstra como as políticas comerciais norte-americanas continuam a ser um fator de risco significativo para as empresas de retalho com cadeias de abastecimento globais.

O acordo comercial entre a UE e o Mercosul, se ratificado, promete eliminar barreiras tarifárias, gerando uma poupança anual de 4 mil milhões de euros para as empresas europeias. O setor agroalimentar português vê a parceria como uma oportunidade estratégica para reforçar a sua presença em mercados de grande escala como o Brasil, embora a conclusão do acordo ainda dependa de um complexo processo político na Europa.

A indústria automóvel alemã atravessa uma crise severa, marcada por despedimentos em massa em empresas como a Bosch e a Volkswagen.

As tarifas impostas pelos EUA são apontadas como um dos fatores que agravam a situação, juntamente com a concorrência chinesa e os elevados custos de produção, colocando em risco o futuro do coração industrial da Alemanha.