Briefing: Tarifas e guerra comercial

A imposição de uma tarifa de 15% pelos EUA à UE, embora abaixo de ameaças anteriores, criou um clima de incerteza económica.

A medida provocou reações negativas nos mercados bolsistas e levou figuras como Christine Lagarde a alertar para um impacto superior ao previsto, enquanto setores industriais apelam à estabilidade para mitigar os riscos.

A isenção da cortiça das tarifas norte-americanas representou uma vitória estratégica para a indústria portuguesa. A medida impulsionou a Corticeira Amorim para a sua melhor sessão bolsista em três anos e foi celebrada pela APCOR como um reconhecimento da singularidade do produto, essencial para mercados como o vinícola norte-americano.

A decisão dos EUA de alargar as tarifas de 50% sobre aço e alumínio a centenas de novos produtos, negando isenções à UE, representa uma escalada na guerra comercial. A medida, justificada como uma forma de proteger a indústria local, afeta bens de capital como turbinas eólicas e equipamento pesado, levantando preocupações sobre o seu impacto económico global.

As tarifas norte-americanas estão a catalisar uma reconfiguração das cadeias de valor globais.

Empresas de diversos setores, desde a indústria automóvel (VW) ao retalho (Walmart) e bens de consumo (Victorinox), estão a adaptar-se através da diversificação de mercados, relocalização da produção e foco em mercados regionais para garantir a sua resiliência e competitividade.

A imposição de uma tarifa de 15% ao setor farmacêutico europeu foi recebida com uma mistura de alívio e apreensão.

Embora a taxa seja significativamente inferior às ameaças iniciais de 250%, o que beneficiou empresas como a Novo Nordisk em bolsa, o setor mantém-se cauteloso, com multinacionais como a MSD a reafirmarem a continuidade dos seus investimentos estratégicos em Portugal.

Ao contrário da cortiça, o vinho europeu não escapou às tarifas de 15% dos EUA, gerando desapontamento e apreensão na indústria.

As empresas vinícolas consideram a medida prejudicial para um setor de grande importância económica e cultural, apelando à sua eliminação para proteger as exportações e a competitividade no mercado norte-americano.

A Volkswagen Autoeuropa adotou uma estratégia "anti-tarifas" para o seu novo modelo elétrico ID.EVERY1, focando a produção exclusivamente no mercado europeu.

Esta decisão protege a unidade de Palmela das tensões comerciais com os EUA, enquanto a indústria de componentes, representada pela CLEPA, continua apreensiva e defende um teto tarifário para garantir a estabilidade do setor.

A nova legislação ambiental da administração Trump, que elimina multas por incumprimento de metas de emissões, ameaça uma fonte de receita vital para a Tesla. A venda de créditos de carbono, que gerou milhares de milhões para a empresa, deverá desaparecer, impactando severamente a sua rentabilidade e modelo de negócio.

A imposição de novas tarifas pelos EUA sobre pequenas encomendas levou a uma resposta imediata das transportadoras europeias, como a DHL, que restringiram os seus serviços. A medida, justificada por Washington como uma forma de combater a evasão fiscal e o contrabando, impacta diretamente o comércio eletrónico e as remessas de particulares para os EUA.