Briefing: Tarifas e guerra comercial

A redução das tarifas sobre automóveis para 15% representa um alívio para os construtores europeus, embora as tensões comerciais persistam noutros setores como o do aço e alumínio.

A medida, com efeito retroativo, poderá devolver liquidez às empresas, mas o custo de exportação para os EUA continua substancialmente acima dos níveis pré-guerra comercial.

A tarifa de 100% sobre produtos farmacêuticos visa forçar a produção em solo americano, gerando uma onda de anúncios de investimento nos EUA, mas a federação europeia das farmacêuticas alerta que os custos para o consumidor final irão aumentar.

Empresas com presença local, como a Hovione, estão bem posicionadas para beneficiar desta política.

A imposição de tarifas pela UE visa proteger a sua indústria, mas a resposta da China com controlos de exportação demonstra uma escalada nas tensões comerciais. Esta situação afeta as cadeias de abastecimento globais e os planos de produção de múltiplos construtores internacionais, incluindo os europeus.

As tarifas dos EUA exacerbaram a crise na indústria automóvel alemã, forçando gigantes como a Bosch e a Volkswagen a anunciarem dezenas de milhares de despedimentos para manter a competitividade global.

Esta reestruturação reflete os desafios combinados da concorrência, custos elevados e tensões comerciais.

Analistas consideram as tarifas dos EUA uma resposta estrutural e duradoura ao seu défice industrial, gerando incerteza, mas também oportunidades para a Europa competir com a China.

Contudo, apenas as empresas com capacidade de investimento e flexibilidade conseguirão capitalizar estas novas dinâmicas.

O acordo UE-Mercosul é visto como uma oportunidade estratégica para as empresas europeias, especialmente as PME, acederem a um vasto mercado com uma poupança significativa em tarifas.

No entanto, o setor agroalimentar enfrenta desafios de competitividade e adaptação a novas exigências regulatórias.

A imposição de tarifas pelos EUA está a levar empresas europeias como a Birkenstock e a H&M a reverem os seus preços e a alertarem para a compressão das margens.

Embora algumas marcas consigam manter a procura, a tendência geral aponta para um aumento dos custos para o consumidor final.

A política de tarifas dos EUA está a incentivar o investimento na produção farmacêutica local, beneficiando empresas já estabelecidas no país, como a Hovione. A empresa portuguesa está a expandir a sua capacidade nos EUA, aproveitando a procura crescente de produção doméstica por parte dos seus clientes.

Numa tentativa de evitar a falência e atrair investimento, o governo argentino reduziu as tarifas sobre bens de equipamento como parte de uma reforma fiscal agressiva.

A medida visa impulsionar a indústria, mas ocorre num cenário de profunda instabilidade económica e desconfiança dos investidores.

As tensões comerciais entre Washington e Pequim estão a levar empresas chinesas a priorizar a Europa para a sua expansão, procurando diversificar mercados e mitigar os riscos associados às políticas protecionistas dos EUA. Esta mudança pode representar tanto uma oportunidade de investimento para a Europa como um desafio competitivo para as empresas locais.