Briefing: Tarifas e guerra comercial

A redução da tarifa sobre automóveis da UE para 15% pelos EUA, com efeito retroativo, constitui um alívio importante para o setor automóvel europeu.

No entanto, a manutenção de taxas elevadas sobre o aço e o alumínio demonstra que as tensões comerciais transatlânticas persistem, com negociações setoriais a decorrer de forma desigual.

A ameaça de imposição de uma tarifa de 100% sobre medicamentos farmacêuticos europeus pelos EUA representa uma escalada nas tensões comerciais. A medida, que visa empresas sem produção local, já provocou alertas da indústria sobre o aumento de custos e poderá forçar uma reconfiguração das cadeias de abastecimento do setor.

As tarifas norte-americanas estão a provocar consequências severas na indústria automóvel alemã, forçando empresas como o Grupo Volkswagen a suspender a produção devido à quebra na procura.

Fornecedores como a Bosch também são afetados, anunciando a eliminação de milhares de empregos para manter a competitividade, o que evidencia a fragilidade do setor perante o protecionismo.

Apesar do acordo sobre os automóveis, os EUA mantêm tarifas de 50% sobre o aço e o alumínio da UE, tendo mesmo alargado o seu âmbito a novos produtos.

Esta medida mantém a pressão sobre a indústria metalúrgica europeia, com as negociações para uma solução, como contingentes pautais, ainda numa fase inicial, evidenciando a complexidade das relações comerciais transatlânticas.

As empresas europeias estão a reagir de formas distintas às tarifas dos EUA.

Enquanto a Birkenstock optou por aumentar os preços, transferindo o custo para o consumidor, a farmacêutica Hovione utiliza a sua presença fabril nos EUA como uma vantagem estratégica para captar novos negócios, demonstrando que as respostas ao protecionismo variam entre a mitigação de custos e o aproveitamento de novas oportunidades.