Briefing: Tarifas e guerra comercial

A prorrogação da trégua tarifária entre os EUA e a China oferece um alívio temporário à economia global, adiando uma potencial escalada de conflito.

A medida, que se seguiu a negociações bilaterais, foi bem recebida pelos mercados, embora a incerteza sobre um acordo comercial definitivo persista, com questões estruturais a permanecerem por resolver.

A imposição de tarifas de 50% pelos EUA sobre produtos indianos gerou uma crise imediata no setor têxtil, com grandes retalhistas a suspenderem encomendas.

Embora a justificação oficial seja a compra de petróleo russo pela Índia, a medida é vista como uma forma de pressão para um acordo comercial bilateral, colocando a Índia em desvantagem competitiva face a outros exportadores asiáticos.

O acordo que obriga a Nvidia e a AMD a partilharem 15% das suas receitas de vendas de chips de IA à China com o governo dos EUA representa uma nova abordagem na política comercial e tecnológica de Washington. A medida permite a retoma das exportações de tecnologia crítica, ao mesmo tempo que gera receita para o Estado e lhe confere um grau de controlo sobre operações que afetam a segurança nacional.

A nova política comercial dos EUA elevou a tarifa média sobre importações para um recorde de quase um século, visando reequilibrar o défice comercial.

No entanto, a medida está a gerar receitas avultadas para o Estado, ao mesmo tempo que provoca impactos económicos negativos, como a desaceleração da produção e o aumento da inflação, gerando críticas de economistas e organizações internacionais.

Após um documento oficial ter classificado barras de ouro como sujeitas a tarifas, provocando um pico recorde no preço do metal, Donald Trump interveio para isentar o ouro de sobretaxas. A medida acalmou a incerteza que penalizava especialmente a Suíça e refletiu a influência de interesses comerciais ligados à base de apoio do presidente.

A União Europeia e os EUA estabeleceram uma tarifa geral de 15% sobre produtos europeus, uma medida que, embora represente um aumento de custos, evitou um cenário de guerra comercial mais severo. Setores como o automóvel e o de bebidas alcoólicas manifestaram preocupação com o impacto nas vendas e no emprego, enquanto Bruxelas aguarda o cumprimento total do acordo por parte de Washington.

O Japão contestou a aplicação incorreta das tarifas por parte dos EUA, que reconheceram o erro e prometeram uma correção retroativa.

O incidente gerou incerteza e teve um impacto financeiro imediato em gigantes como a Toyota, que reviu em baixa as suas previsões de lucro, evidenciando a vulnerabilidade da indústria japonesa à política comercial norte-americana.

A antecipação das tarifas norte-americanas provocou uma queda acentuada de quase 40% nas exportações portuguesas para os EUA em junho, principalmente no setor químico. Em resposta, o Governo português reuniu-se com os principais setores exportadores para reforçar medidas de apoio, como a diversificação de mercados e o acesso a financiamento, visando mitigar o impacto negativo na economia nacional.

Com uma tarifa de 39% imposta pelos EUA, a Suíça enfrenta sérios desafios económicos, que afetam desde a relojoaria de luxo à indústria farmacêutica. A falta de um acordo comercial favorável levou o governo a procurar alternativas e a dialogar com os seus principais setores industriais para mitigar os danos da política protecionista de Washington.

Apesar da imposição de tarifas superiores a 28% pela União Europeia sobre os veículos elétricos chineses, a marca Zeekr, do grupo Geely, mantém os seus ambiciosos planos de expansão no continente.

A empresa reconhece que as taxas representam um desafio, mas reafirma a sua estratégia de crescimento a longo prazo no mercado europeu.