Briefing: Tarifas e guerra comercial

As tarifas impostas pelos EUA representam uma ameaça existencial para a indústria automóvel europeia, resultando em instabilidade, risco de perda de 350 mil empregos e apelos urgentes por parte de associações como a CLEPA para a implementação de políticas de proteção e apoio à competitividade do setor.

Empresas como a Hyundai estão a responder às tarifas norte-americanas aumentando a sua capacidade de produção nos EUA, uma estratégia de onshoring que visa contornar as barreiras comerciais e garantir a competitividade, refletindo uma tendência global de relocalização da produção face ao protecionismo.

Para combater a concorrência desleal, a União Europeia impôs tarifas de até 35,3% sobre os veículos elétricos importados da China. A medida visa proteger a indústria automóvel europeia da ameaça de produtos subsidiados e garantir a competitividade do setor durante a transição para a mobilidade elétrica.

Para contornar as tarifas da União Europeia, fabricantes de automóveis chineses como a Xpeng e a BYD estão a estabelecer unidades de produção na Europa.

Esta estratégia de localização visa não só evitar os impostos de importação, mas também adaptar-se ao mercado europeu e reforçar a sua competitividade a longo prazo.

O atual cenário de instabilidade tarifária está a pressionar as empresas a nível global, com a FedEx a prever perdas de mil milhões de dólares. Um estudo da Bain & Company revela que apenas 14% das empresas se sentem preparadas para um aumento de custos superior a 10%, sublinhando a necessidade urgente de reforçar as estratégias de procurement e gestão de risco.

Confrontada com a concorrência desleal de plataformas de ‘ultra fast fashion’ e o impacto de novas tarifas norte-americanas, a indústria têxtil europeia, com o apoio das associações portuguesas, exige medidas urgentes da Comissão Europeia.

O setor reclama também apoios internos, como o ‘lay-off’ simplificado, para evitar o encerramento de mais empresas.

As tarifas comerciais tornaram-se uma variável crítica para a política monetária, com a Reserva Federal dos EUA a justificar cortes de juros como uma medida de “gestão de risco” face à inflação.

O Banco Central Europeu também monitoriza o impacto das tensões comerciais, demonstrando como as decisões dos bancos centrais estão cada vez mais dependentes do volátil cenário geopolítico.

O governo mexicano anunciou um aumento das tarifas sobre veículos chineses para 50%, uma medida protecionista que visa defender a indústria local e que se insere nas crescentes tensões comerciais globais no setor automóvel.

A decisão já gerou uma reação negativa por parte de Pequim e reflete a expansão das disputas comerciais para além dos tradicionais eixos económicos.

Especialistas como Ken Fisher argumentam que o impacto económico das tarifas é exagerado, defendendo que estas prejudicam mais o país que as impõe e não são a causa principal da inflação.

Esta visão contrasta com o alarme generalizado, sugerindo que os mercados e as políticas dos bancos centrais já consideram a natureza muitas vezes limitada e pontual dos seus efeitos.

Em resposta às tarifas impostas pela União Europeia e pelo México, a China lançou um plano estratégico para fortalecer a sua indústria automóvel.

A iniciativa visa estabilizar o setor através do incentivo à inovação tecnológica, do reforço das cadeias de fornecimento e de uma expansão internacional mais organizada, mitigando o impacto das barreiras comerciais.