Briefing: Tarifas e guerra comercial

A tarifa de 100% sobre semicondutores, com isenções para produção local, é uma manobra protecionista dos EUA para reindustrializar um setor estratégico.

A medida força grandes empresas como a Apple e a TSMC a investir nos EUA, intensificando a rivalidade tecnológica global e redefinindo as cadeias de abastecimento.

A ativação das novas tarifas globais dos EUA representa uma escalada protecionista com amplas repercussões.

A medida, que visa corrigir desequilíbrios comerciais, funciona como um instrumento de pressão política e económica, gerando instabilidade e forçando uma reconfiguração das relações comerciais a nível mundial.

O acordo comercial entre os EUA e a UE estabelece uma trégua temporária com uma tarifa de 15%, mas a sua estabilidade depende de compromissos de investimento europeus não vinculativos. A suspensão das contramedidas da UE reflete um esforço para desanuviar as tensões, mas a ameaça de tarifas mais altas por parte dos EUA mantém a incerteza.

As tarifas dos EUA geraram um efeito dominó na indústria automóvel, provocando perdas financeiras substanciais para fabricantes em todo o mundo.

A medida não só penaliza as exportações diretas para os EUA, mas também perturba as cadeias de abastecimento integradas, afetando a rentabilidade de empresas europeias, asiáticas e americanas.

A imposição de uma tarifa de 50% à Índia é um claro exemplo da instrumentalização da política comercial como arma de política externa por parte dos EUA. A medida visa pressionar a Índia a cortar laços comerciais com a Rússia, mas resultou numa escalada da tensão diplomática e numa acusação de hipocrisia por parte de Nova Deli.

A tarifa de 50% imposta ao Brasil pelos EUA combina pressão política com consequências económicas severas para setores específicos como o do calçado. A resposta do Brasil, ao recorrer à OMC e ao mesmo tempo procurar o diálogo, reflete a complexidade de uma relação bilateral tensa, onde o comércio é usado como instrumento de influência política.

A tarifa de 39% sobre a Suíça representa um duro golpe para a sua economia de exportação, especialmente para o setor de luxo. A resposta imediata do governo suíço, com uma missão diplomática de alto nível, sublinha a gravidade da situação e a urgência em encontrar uma solução negociada para mitigar os danos.

As quebras de lucros na ordem dos 37% na Toyota e 50% na Honda demonstram o efeito financeiro direto e severo das tarifas dos EUA.

Estes resultados colocam uma enorme pressão sobre a indústria automóvel japonesa e o seu governo para garantirem melhores condições comerciais e mitigarem perdas futuras.

A China está a jogar um xadrez estratégico no tabuleiro do comércio global, capitalizando as tensões criadas pelos EUA para expandir a sua esfera de influência económica.

Ao abrir portas a países como o Brasil, Pequim não só garante o seu abastecimento, mas também se afirma como uma alternativa a Washington, enquanto a sua própria relação comercial com os EUA permanece incerta.

A ameaça de tarifas de até 250% sobre o setor farmacêutico representa uma nova e significativa escalada na política comercial dos EUA.

A medida visa a relocalização da produção, mas arrisca-se a perturbar uma cadeia de abastecimento global crítica, com potenciais consequências para os preços dos medicamentos e para as economias exportadoras, como a portuguesa.