Briefing: Tarifas e guerra comercial

O novo acordo tarifário de 15% entre a UE e os EUA é visto pelo setor do calçado português como uma vantagem competitiva face a rivais com taxas mais altas, abrindo uma janela de oportunidade para expandir a presença no mercado norte-americano.

Apesar do otimismo do Governo e da APICCAPS, algumas empresas já sentem o impacto negativo, absorvendo custos para manter a competitividade, o que evidencia a incerteza e os desafios do novo paradigma comercial.

Face a um ambiente comercial global marcado pela incerteza e por novas tarifas protecionistas dos EUA, a AICEP recomenda que as empresas portuguesas diversifiquem os seus mercados de exportação como estratégia fundamental para mitigar riscos. O novo acordo UE-EUA e as suas tensões subjacentes, que afetam múltiplos setores e até decisões regulatórias, reforçam a urgência de as empresas se adaptarem, procurando novos destinos e consolidando a sua presença em cadeias de valor regionais para garantir um crescimento sustentável.

A sobretaxa de 50% imposta pelos EUA provocou uma contração imediata e severa nas exportações brasileiras para aquele mercado, afetando criticamente setores industriais e de matérias-primas.

A medida evidencia o impacto direto das políticas protecionistas na balança comercial e força o Brasil a procurar mercados alternativos, como a China, para compensar as perdas e mitigar os efeitos da instabilidade nas relações com Washington.

A administração Trump prepara-se para aplicar novas e significativas tarifas sobre semicondutores, intensificando a pressão sobre as empresas de tecnologia para que relocalizem a produção para os EUA.

Esta política já está a levar a uma reconfiguração das cadeias de abastecimento globais, com empresas como a Asus a desviarem a produção da China, e sinaliza um aprofundamento do protecionismo no estratégico setor dos chips.

O setor automóvel global está a ser diretamente impactado por medidas protecionistas, desde a imposição de tarifas de 50% pela UE-EUA até ao fim de incentivos fiscais para veículos elétricos nos EUA.

Estas políticas estão a levar a cortes na produção, como no caso da GM, e a gerar preocupação na indústria europeia, forçando uma reavaliação estratégica num mercado cada vez mais volátil e politicamente influenciado.

A nova política tarifária dos EUA, que impõe taxas de 15% a 50% sobre produtos farmacêuticos da UE, representa uma ameaça direta à estabilidade económica de Westport, na Irlanda, e à sua fábrica de Botox.

A medida, aliada a uma investigação sobre a dependência dos EUA da produção irlandesa, evidencia como o protecionismo está a criar incerteza e a colocar em risco empregos e investimentos num setor estratégico para a economia europeia.