Briefing: Tarifas e guerra comercial

O acordo UE-EUA estabelece uma tarifa de 15%, evitando uma guerra comercial iminente e proporcionando previsibilidade, mas impõe um custo significativo às exportações europeias e exige avultados compromissos de investimento e compra por parte da UE, gerando reações mistas.

O setor automóvel europeu acolhe o acordo como um mal menor que traz previsibilidade, mas alerta que a tarifa de 15% continuará a representar um fardo financeiro de milhares de milhões, afetando a competitividade e o planeamento a longo prazo.

Os prejuízos milionários da Stellantis e a forte quebra de lucros da Volkswagen demonstram como as tarifas dos EUA penalizaram diretamente os resultados financeiros dos construtores europeus, forçando-os a rever em baixa as suas previsões anuais.

A indústria portuguesa considera o acordo um mal menor que põe fim à incerteza, classificando a tarifa de 15% como 'gerível'. No entanto, persistem preocupações sobre a perda de competitividade e o impacto negativo nas exportações, diretas e indiretas, para o mercado norte-americano.

O acordo dividiu a Europa: enquanto a Alemanha e a liderança da UE o defenderam como um mal necessário para garantir estabilidade, a França e a Hungria criticaram-no veementemente, considerando-o uma submissão aos interesses dos EUA e um acordo desequilibrado.

O acordo estabelece isenções tarifárias cruciais para setores estratégicos como aviação e semicondutores, mas impõe à UE compromissos de compra de energia e investimento nos EUA na ordem dos biliões de dólares, cujos contornos e obrigatoriedade permanecem por clarificar.

A concentração de indústrias exportadoras para os EUA na Região Norte, como armamento, calçado e vinhos, torna esta zona do país particularmente vulnerável ao impacto das novas tarifas de 15%, gerando incerteza e ameaçando a competitividade de setores-chave.

Apesar de um alívio inicial, os mercados financeiros europeus fecharam em baixa após o acordo, com o setor automóvel a liderar as perdas. A incerteza sobre o impacto real das tarifas e das concessões da UE sobrepôs-se à satisfação de se ter evitado uma guerra comercial.

Num contexto de alta tensão comercial global, os EUA e a China negoceiam a extensão da sua trégua tarifária, indicando uma abordagem mais pragmática e dialogante para evitar uma escalada de conflitos, em contraste com a postura adotada com outros parceiros.

O Governo português acolheu o acordo como um fator de estabilidade, prometendo mitigar os impactos negativos através de programas de apoio e linhas de crédito já em curso, enquanto reafirma a defesa do comércio livre e da eliminação de barreiras.