Briefing: Tarifas e guerra comercial

O acordo evita uma guerra comercial com tarifas de 30%, mas impõe um custo significativo de 15% sobre exportações europeias cruciais, além de avultados compromissos financeiros da UE para com os EUA, gerando um debate sobre o equilíbrio e a reciprocidade do pacto.

A França considera o acordo desequilibrado e prejudicial aos seus interesses, apelando a uma negociação técnica mais robusta e a medidas de apoio setorial, refletindo uma profunda insatisfação com os termos aceites por Bruxelas e a cedência à pressão norte-americana.

O setor automóvel europeu, especialmente o alemão, encara a tarifa de 15% como um custo substancial que impactará negativamente os lucros e as previsões anuais, apesar do alívio por se ter evitado uma taxa de 30% que seria ainda mais prejudicial.

O acordo EUA-Japão, com a sua tarifa de 15% e avultados compromissos de investimento, estabeleceu um modelo que influenciou diretamente as negociações com a UE, sendo visto em Tóquio como um passo para a estabilização económica, mas criticado internamente nos EUA por potenciais desvantagens competitivas.

As negociações em Estocolmo são vitais para manter a estabilidade comercial entre EUA e China, com a expectativa de uma prorrogação da trégua tarifária por mais 90 dias, enquanto se abordam questões estruturais como o excesso de capacidade industrial chinesa.

A UE joga em duas frentes: prepara um robusto pacote de retaliação de 93 mil milhões de euros para pressionar os EUA, ao mesmo tempo que se empenha em negociações intensas para evitar uma guerra comercial total e garantir um acordo favorável.

A ameaça de tarifas punitivas dos EUA está a forçar o Brasil a reavaliar as suas estratégias comerciais, com empresas como a Weg a considerar a produção em Portugal como uma via de acesso ao mercado norte-americano, fortalecendo a urgência de um acordo UE-Mercosul.

Os problemas internos da China, como a deflação e o excesso de produção, estão a transbordar para o comércio global, resultando em práticas de 'dumping' que provocam reações protecionistas e agravam as tensões comerciais internacionais.

O negócio dos portos do Panamá da CK Hutchison tornou-se um campo de batalha geopolítico, forçando a empresa a navegar entre as pressões de Washington, que desconfia da influência chinesa, e as de Pequim, que exige lealdade nacional dos seus conglomerados.

As reações em Portugal ao acordo tarifário EUA-UE são heterogéneas, com o espectro político a pedir uma avaliação de impacto e o setor empresarial dividido entre o alívio pela redução da incerteza e a crítica aos termos do acordo, aguardando por maior clareza sobre a sua aplicação.