Briefing: Tarifas e guerra comercial

O novo acordo comercial transatlântico impõe tarifas de 15% e 50% a produtos europeus, gerando um cenário de desvantagem competitiva para a UE.

A medida, vista como desequilibrada, ameaça o crescimento económico e a estabilidade das empresas europeias, forçando o bloco a procurar alternativas e a gerir um ambiente de elevada incerteza geopolítica.

O novo acordo comercial traz um misto de alívio e desafio para o setor automóvel europeu. A redução das tarifas dos EUA é positiva, mas a abertura do mercado europeu e o impacto financeiro já sentido por várias marcas indicam um período de reajustamento competitivo e de pressão sobre as margens de lucro.

A tarifa de 50% sobre o aço e o alumínio está a forçar alterações drásticas nas estratégias empresariais, como a da Rio Tinto, que passou a comprar o metal a concorrentes nos EUA.

A medida protecionista visa fortalecer a indústria norte-americana, mas cria barreiras severas para os produtores europeus e outros parceiros comerciais.

As tarifas dos EUA criam um cenário de vencedores e perdedores para Portugal.

A isenção da cortiça contrasta com a penalização do vinho e dos têxteis, sublinhando a vulnerabilidade da economia nacional a choques comerciais externos e a necessidade de diversificar mercados.

A tarifa de 50% sobre produtos farmacêuticos, apesar de isentar os genéricos, representa uma barreira significativa para a inovação europeia.

A medida penaliza a exportação de medicamentos de ponta e coloca em risco a competitividade do setor no estratégico mercado norte-americano, afetando potencialmente as exportações portuguesas.

As políticas tarifárias dos EUA estão a criar um ambiente de instabilidade que transcende o comércio de bens, afetando os mercados de capitais e forçando empresas como a Klarna a adiar decisões estratégias importantes, como a entrada em bolsa, devido à elevada volatilidade e imprevisibilidade.

Perante as barreiras comerciais impostas pelos EUA, a UE está a procurar ativamente fortalecer alianças com outras regiões, sendo o acordo com o Mercosul a principal aposta para criar a maior zona de comércio livre do mundo e oferecer alternativas de crescimento às empresas europeias.

A guerra comercial, materializada em tarifas sobre semicondutores e outros componentes, está a catalisar uma mudança estrutural nas cadeias de abastecimento do setor tecnológico.

Grandes empresas como a Asus e a Apple estão a deslocalizar a produção para fora da China e a reforçar o fabrico em regiões como o Sudeste Asiático e os próprios EUA para evitar custos adicionais.

O caso da Polestar exemplifica como as tarifas comerciais podem anular os benefícios do crescimento das vendas, aumentando os custos de forma desproporcional e resultando em perdas financeiras substanciais. Esta situação coloca em risco os objetivos de rentabilidade da empresa a médio prazo num setor já pressionado.

A disputa comercial entre os EUA e a China é um fator central da atual instabilidade económica, provocando alterações nas cadeias de produção, volatilidade cambial e um clima de incerteza que afeta empresas e mercados em todo o mundo.

As repercussões sentem-se desde a Ásia até à Europa, com impacto direto em múltiplos setores.