Briefing: União Europeia

A UE está a operacionalizar uma profunda revisão da sua política de segurança e defesa com o Roteiro para 2030. A criação de uma "muralha de drones" e o reforço do flanco oriental são respostas diretas à ameaça russa, enquanto o incentivo à aquisição conjunta e à indústria europeia visa construir uma autonomia estratégica duradoura, apesar dos desafios de financiamento.

A reação da UE à cimeira Trump-Putin em Budapeste é marcada por uma dualidade: um apoio formal a qualquer esforço de paz e uma profunda desconfiança sobre as intenções e o contexto do encontro. As complexidades legais, como o mandado do TPI e as sanções aéreas, juntamente com o papel controverso de Viktor Orbán, tornam o evento um grande desafio diplomático e um teste à unidade europeia.

A proposta da UE de usar os lucros dos ativos russos congelados para financiar a Ucrânia é um passo significativo para garantir o apoio a longo prazo a Kiev.

A iniciativa, que domina a agenda diplomática europeia, reflete uma busca por soluções financeiras inovadoras face à continuação da guerra, apesar de persistirem obstáculos legais e políticos à sua concretização.

A ameaça de Donald Trump de impor tarifas a Espanha devido aos seus gastos com a defesa foi neutralizada pela intervenção da União Europeia, que reafirmou a sua competência exclusiva em matéria comercial. O incidente expôs as fissuras na aliança transatlântica e, simultaneamente, reforçou o papel da UE como um bloco económico coeso capaz de proteger os seus membros de pressões externas.

A visita de Ursula von der Leyen aos Balcãs Ocidentais sinaliza um esforço concertado da UE para revitalizar a sua política de alargamento na região, motivada por imperativos geopolíticos. Mantendo a pressão por reformas cruciais, especialmente no Estado de direito e no alinhamento com a política externa, a UE tenta demonstrar que a porta para a adesão permanece aberta, procurando assim conter o euroceticismo e a influência de potências rivais.

O congresso do PES e a expulsão do Smer de Robert Fico demonstram uma dupla abordagem da família socialista europeia: por um lado, a tentativa de apresentar uma agenda social positiva para a Europa, como o salário mínimo comum, e, por outro, a aplicação de uma linha vermelha intransigente contra alianças com a extrema-direita e posições que minam a unidade da UE.

A entrada em vigor do EES marca uma modernização fundamental do controlo de fronteiras do Espaço Schengen. Ao automatizar o registo de viajantes de países terceiros com dados biométricos, a UE procura aumentar a segurança, combater a imigração irregular e, simultaneamente, otimizar a fluidez nas fronteiras, num passo decisivo para um sistema de gestão de fronteiras mais integrado e tecnológico.

A proposta do Parlamento Europeu para uma proibição total do gás russo até 2026 assinala uma forte vontade política de acelerar a desvinculação energética da UE em relação a Moscovo.

Se for aprovada, a medida representará um passo decisivo para reforçar as sanções contra a Rússia e consolidar a autonomia energética do bloco, forçando os últimos países importadores a encontrar alternativas definitivas.

A agenda da próxima cimeira europeia reflete um bloco a lidar simultaneamente com crises externas, como a guerra na Ucrânia, e desafios internos urgentes, como a competitividade e a crise da habitação.

As decisões dos líderes serão cruciais para a estratégia da UE em matéria de segurança, economia e coesão social, demonstrando uma tentativa de responder tanto às ameaças geopolíticas como às preocupações quotidianas dos cidadãos.

A política migratória da UE está a ser contestada em múltiplas frentes.

Enquanto enfrenta acusações graves de crimes contra a humanidade no TPI, o bloco e os seus Estados-membros continuam a depender de acordos controversos de externalização, como o da Líbia.

Simultaneamente, a UE tenta construir parcerias estratégicas mais vastas com países do Norte de África, refletindo a complexa e, por vezes, contraditória abordagem para gerir um dos seus maiores desafios.