Briefing: Crise no Médio Oriente

As negociações de paz em Gaza estão num impasse, com o Qatar a mediar para que se avance para a segunda fase do plano de paz. Questões como a devolução dos últimos reféns, o acesso humanitário e, sobretudo, os termos complexos da segunda fase — incluindo o desarmamento do Hamas e o futuro governo de Gaza — continuam a ser os principais obstáculos para uma solução duradoura.

O Hamas reconheceu publicamente que dezenas dos seus combatentes estão encurralados em túneis em Gaza, exigindo uma passagem segura através de mediadores internacionais.

Este tornou-se um novo e sensível ponto de discórdia nas negociações, com Israel a manter a sua posição firme de não permitir a sua saída, o que ameaça a estabilidade do atual cessar-fogo.

Uma incursão militar israelita na Síria, que resultou na morte de 13 civis, foi veementemente condenada pelo governo sírio como um "crime de guerra" e pelas Nações Unidas como uma violação da soberania. Israel defende que a operação visava terroristas, mas o incidente aumentou drasticamente as tensões e provocou protestos populares na Síria, complicando ainda mais a frágil situação de segurança na região.

A fronteira israelo-libanesa é um barril de pólvora, com o Líbano a recorrer à ONU para contestar a construção de muros por Israel, enquanto a liderança libanesa questiona a capacidade de dissuasão do Hezbollah.

Israel, por sua vez, mantém uma postura agressiva, condicionando a estabilidade do Líbano à sua própria segurança e continuando as operações militares apesar do cessar-fogo.

A visita do Papa Leão XIV ao Líbano foi uma poderosa missão de paz, na qual apelou a uma mudança fundamental de mentalidade no Médio Oriente. Condenando a violência e defendendo o diálogo, o Papa instou os líderes a ouvirem os seus povos e reafirmou a solução de dois Estados como o único caminho para o conflito israelo-palestiniano, deixando uma mensagem de esperança numa região assolada por conflitos.

A liderança de Benjamin Netanyahu está sob uma dupla pressão: a condução da guerra e um julgamento por corrupção que se arrasta.

As suas queixas sobre as exigências do tribunal e o seu controverso pedido de indulto estão a aprofundar as divisões em Israel, com protestos a demonstrar a insatisfação de uma parte da população com a sua conduta em plena crise nacional.

O custo humano da guerra em Gaza é catastrófico, com o número de mortos a aproximar-se dos 70.000 e o de feridos a ultrapassar os 170.000.

A ofensiva israelita resultou numa destruição generalizada e numa crise humanitária severa, com a população civil a sofrer o impacto mais devastador do conflito, mesmo durante o período de cessar-fogo.

Os Estados Unidos, sob a administração Trump, são o principal arquiteto e mediador do processo de paz em Gaza.

O plano americano define as etapas do cessar-fogo e Washington continua a ser um ator indispensável na resolução de disputas, demonstrando a sua significativa influência sobre Israel e o rumo das negociações.