Briefing: Crise no Médio Oriente

O ataque israelita em Doha constitui uma perigosa escalada do conflito, violando a soberania do Catar, um mediador crucial.

A ação, que visava eliminar a liderança do Hamas, foi amplamente condenada e ameaça comprometer os canais diplomáticos, aumentando o risco de uma conflagração regional mais vasta.

A ordem de evacuação total da Cidade de Gaza por parte de Israel representa uma escalada dramática da crise humanitária, forçando uma deslocação em massa de civis para áreas já sobrelotadas e sem condições. A medida, precursora de uma grande ofensiva terrestre, foi recebida com alarmes da ONU sobre o iminente desastre humanitário e o colapso dos serviços essenciais.

A reivindicação do ataque em Jerusalém pelo Hamas e a subsequente promessa de Israel de uma resposta com "consequências extremamente graves" marcam uma nova escalada no conflito. A morte de cidadãos estrangeiros atraiu condenação internacional, enquanto as medidas de punição coletiva anunciadas por Israel arriscam-se a alimentar ainda mais a violência na região.

Os ataques aéreos israelitas na Síria, visando unidades militares em Homs e Latakia, demonstram a contínua estratégia de Israel para neutralizar ameaças regionais.

Esta campanha militar, intensificada após a mudança de poder em Damasco, visa degradar as capacidades de forças aliadas ao Irão, mantendo a região num estado de elevada tensão.

A comunidade internacional está a aumentar a pressão sobre Israel, com acusações explícitas de genocídio por parte de altos funcionários europeus e apelos veementes da ONU e do Irão para um isolamento diplomático e comercial. Estas ações, incluindo o embargo de armas por Espanha, sinalizam uma mudança significativa na perceção global do conflito e um esforço para responsabilizar Israel pelas suas ações em Gaza.

A demolição sistemática de arranha-céus na Cidade de Gaza por Israel é uma tática central na sua nova ofensiva. Embora Israel a justifique como necessária para eliminar infraestruturas do Hamas, a estratégia é criticada como uma forma de punição coletiva e uma tentativa de inviabilizar o regresso da população civil, preparando o terreno para uma ocupação prolongada.

O plano do governo libanês para desarmar o Hezbollah no sul enfrenta a forte resistência do grupo e ocorre num contexto de contínuos ataques israelitas. Esta dinâmica revela a profunda fratura política no Líbano e a dificuldade de afirmar a soberania do Estado perante um Hezbollah militarmente poderoso e um conflito fronteiriço ativo.

As perspetivas de um cessar-fogo em Gaza permanecem sombrias, com as negociações paralisadas por objetivos irreconciliáveis.

Enquanto o Hamas se mostra aberto a discutir propostas que garantam o fim da guerra, Israel recusa qualquer acordo que não inclua a sua vitória militar total, deixando os reféns e a população civil de Gaza numa situação de perigo contínuo.

Os ataques persistentes dos Huthis a partir do Iémen contra alvos em Israel demonstram a sua capacidade de manter uma frente de conflito distante e o seu compromisso com o 'eixo da resistência'.

Apesar das interceções israelitas, a ameaça é real, como provado pelo ataque bem-sucedido a um aeroporto, levando a uma perigosa dinâmica de retaliação direta entre Israel e o grupo iemenita.

O ataque com drone à flotilha humanitária na Tunísia, que envolve participantes portugueses, destaca os perigos enfrentados por missões de ajuda não sancionadas.

A reação da União Europeia foi ambivalente, condenando a violência mas desaconselhando a iniciativa por receio de uma escalada, refletindo a complexidade diplomática em torno do cerco a Gaza.