Briefing: Crise no Médio Oriente

A escalada de ataques israelitas no Líbano, incluindo a eliminação de um comandante do Hezbollah, demonstra a fragilidade do cessar-fogo de 2024 e aumenta o risco de um conflito mais vasto. Enquanto Israel defende as suas ações como preventivas, o Líbano condena as violações da sua soberania, num cenário de intensa pressão diplomática dos EUA para o desarmamento do Hezbollah.

A trégua em Gaza está sob forte pressão após Israel retomar os bombardeamentos em resposta a alegadas violações do Hamas, suspendendo a ajuda humanitária.

Apesar do otimismo de autoridades norte-americanas, alertas de novas violações e a condenação da ONU sublinham a extrema fragilidade do acordo de paz.

A aprovação preliminar da lei de anexação da Cisjordânia pelo Knesset provocou uma crise diplomática, com os EUA a condenarem veementemente a medida e a ameaçarem retirar o seu apoio. Netanyahu culpou a oposição, mas a iniciativa expôs as tensões dentro da sua coligação e gerou forte repúdio da Jordânia e da Palestina.

Com visitas de alto nível a Israel, os EUA estão a desempenhar um papel ativo na supervisão do cessar-fogo em Gaza. A diplomacia norte-americana foca-se nos desafios da segunda fase do acordo, como o desarmamento do Hamas e a recuperação dos reféns, enquanto gere as tensões e as mensagens contraditórias de Israel e do grupo islamita.

A criação de uma força internacional de paz para Gaza é um elemento central, mas controverso, da segunda fase do acordo. Enquanto países como a Turquia se mostram disponíveis para participar, a oposição de Israel e os desacordos com o Egito sobre o momento da sua implementação constituem um obstáculo significativo para a estabilização do enclave.

A crise humanitária em Gaza mobiliza a comunidade internacional, com a Noruega a liderar uma iniciativa na ONU para forçar Israel a cumprir as suas obrigações legais de permitir a entrada de ajuda.

Enquanto o Egito prepara a fronteira de Rafah, a suspensão do acesso humanitário por Israel, devido a violações do cessar-fogo, agrava ainda mais a situação da população civil.

Após uma semana de confrontos mortais na fronteira, o Paquistão e o Afeganistão alcançaram um cessar-fogo mediado pelo Qatar.

A escalada, que incluiu ataques aéreos paquistaneses com vítimas civis, foi motivada por acusações de apoio ao terrorismo, e a frágil trégua é agora observada atentamente por potências regionais como a China e o Irão.

O novo governo sírio está a redefinir a segurança do país, atacando um enclave de jihadistas franceses em Idlib e, ao mesmo tempo, assinando um acordo para integrar as experientes forças curdas das FDS no exército nacional. Estas ações paralelas sinalizam um esforço para centralizar o poder militar e estabilizar um país fragmentado pela guerra.

A devolução dos corpos dos reféns detidos pelo Hamas é um ponto crítico e de grande tensão no acordo de cessar-fogo. Enquanto o Hamas alega dificuldades logísticas devido à destruição em Gaza, Israel suspeita de um adiamento deliberado, transformando a questão num obstáculo central para o avanço do processo de paz e num foco da mediação norte-americana.

O parecer do Tribunal Internacional de Justiça, que responsabiliza Israel pela ajuda humanitária em Gaza, e a subsequente resolução proposta pela Noruega, colocam o direito internacional no centro do conflito.

Enquanto Israel rejeita a decisão, a ONU alerta que a guerra minou a relevância das convenções globais, aprofundando a desconfiança entre o Norte e o Sul Global.