Briefing: Crise no Médio Oriente

A crescente onda de países europeus a considerar o reconhecimento do Estado palestiniano marca uma significativa viragem diplomática, aumentando a pressão sobre Israel mas também evidenciando profundas divisões com aliados chave como os EUA, enquanto o caminho para uma solução de dois Estados permanece repleto de obstáculos.

A fome crescente em Gaza, agora reconhecida até pelo Presidente dos EUA, representa uma catástrofe humanitária, com organismos internacionais a alertar para mortes em massa e a colocar uma imensa pressão sobre Israel devido às suas políticas de bloqueio e distribuição de ajuda.

O facto de o número de mortos em Gaza ter ultrapassado os 60.000 sublinha o devastador custo humano do conflito, intensificando os apelos internacionais para um cessar-fogo e para a responsabilização pelo elevado número de vítimas civis.

A acusação de genocídio por parte de ONG israelitas marca um ponto de viragem no debate interno, conferindo uma nova e poderosa legitimidade às alegações que até agora eram maioritariamente externas e que estão a ser analisadas pelo Tribunal Internacional de Justiça.

O assassinato de um conhecido ativista palestiniano por um colono israelita evidencia a escalada da violência na Cisjordânia, levando a uma condenação internacional mais forte e à classificação inédita destes atos como terrorismo por parte de um país europeu como a França.

Apesar de um ligeiro aumento na entrada de ajuda humanitária em Gaza, os esforços continuam a ser insuficientes e perigosos, não conseguindo travar a crise de fome e destacando a falha sistémica na proteção de civis e na garantia de acesso seguro a bens essenciais.

A proposta da Comissão Europeia de suspender Israel de parte do programa Horizonte Europa sinaliza uma crescente impaciência em Bruxelas com a situação humanitária em Gaza, testando a unidade do bloco e a sua capacidade de usar alavancagem económica para influenciar a política israelita.

As ações dos Huthis, incluindo ataques diretos a Israel e ameaças à navegação global, sublinham a perigosa regionalização do conflito de Gaza, mantendo a pressão sobre as rotas comerciais e forçando uma resposta militar internacional liderada pelos EUA e Reino Unido.

O colapso das negociações de cessar-fogo em Doha prolonga o sofrimento em Gaza e a agonia dos reféns, evidenciando as posições irredutíveis de Israel e do Hamas e a complexa teia de influências regionais, com os mediadores internacionais a lutarem para encontrar um caminho viável para a paz.