Briefing: Criptomoedas

A ameaça de uma guerra comercial entre os EUA e a China, iniciada pelos anúncios de tarifas do Presidente Trump, desencadeou uma venda massiva no mercado de criptomoedas. Este evento levou a liquidações de milhares de milhões de dólares, afetando ativos importantes como a Bitcoin e o Ethereum e demonstrando a elevada sensibilidade do mercado à instabilidade macroeconómica global.

O Banco de Portugal alertou para a proliferação de burlas com criptoativos, que prometem lucros irrealistas e usam táticas enganosas. A autoridade sublinha a volatilidade e a falta de garantias destes ativos, aconselhando os investidores a desconfiar de ofertas online, a verificar a legitimidade das entidades e a não partilhar dados pessoais, para evitar a perda total do investimento.

A entrada em vigor do regulamento europeu MiCA visa harmonizar as regras para criptoativos, mas as autoridades de supervisão alertam que os riscos para os investidores permanecem elevados. A proteção oferecida é limitada, não cobrindo todos os ativos digitais nem garantindo compensações em caso de perdas, e os consumidores devem manter-se vigilantes face à volatilidade, fraudes e à complexidade do mercado.

O BCE avança com o projeto do euro digital como uma alternativa pública e segura aos pagamentos eletrónicos privados, com lançamento previsto para meados de 2029.

A iniciativa visa reforçar a soberania monetária europeia e responder às expectativas dos consumidores por um meio de pagamento gratuito, seguro e fácil de usar, que complemente o dinheiro físico sem o substituir.

O panorama do investimento em criptoativos em Portugal é incerto, com relatórios a apresentarem números díspares.

Um estudo aponta para uma adesão de apenas 10% dos investidores, refletindo um perfil conservador, enquanto outro indica que 43% dos investidores nacionais detêm estes ativos, colocando o país na liderança europeia.

Esta contradição evidencia a dificuldade em medir um mercado ainda em maturação.

A Bitcoin demonstrou a sua característica volatilidade ao atingir um novo recorde de preço antes de sofrer correções, alimentando o debate sobre a sua viabilidade como investimento. A par do entusiasmo gerado pelos picos de valor, surgem alertas de ceticismo, como o de uma plataforma de negociação que advertiu os investidores de que a Bitcoin não constitui uma classe de ativos, sublinhando os riscos inerentes.

Bancos de renome como o Goldman Sachs e o Deutsche Bank estão a analisar a criação de "stablecoins" ligadas às moedas do G7, indicando um movimento de aproximação da alta finança ao setor dos criptoativos.

Esta iniciativa, que coincide com discussões sobre o tema no Eurogrupo, pode representar um passo significativo para a integração dos ativos digitais no sistema financeiro tradicional.