Briefing: Criptomoedas

A Bitcoin alcançou um novo recorde de preço, superando os 125.000 dólares, impulsionada pela instabilidade política e económica nos EUA e por tendências sazonais positivas.

Este evento consolida o seu estatuto como um ativo de refúgio, embora a sua elevada volatilidade, evidenciada por uma ligeira correção após o pico, continue a ser uma característica marcante do mercado de criptoativos.

As autoridades europeias alertam que o novo regulamento MiCA, embora represente um avanço, não elimina os riscos significativos do mercado de criptoativos. A proteção do consumidor é limitada, a volatilidade e as fraudes persistem, e muitos ativos e prestadores de serviços operam fora do novo quadro regulatório, exigindo máxima cautela por parte dos investidores.

O Banco de Portugal alerta para a sofisticação crescente das fraudes com criptoativos, que utilizam a imagem de figuras públicas e promessas de lucros irrealistas para enganar investidores. A entidade recomenda desconfiança, a verificação da autorização das entidades e a denúncia de qualquer tentativa de burla às autoridades policiais, reforçando que a proteção neste mercado é limitada.

O número de milionários de criptomoedas continua a crescer globalmente, ultrapassando os 241 mil, com um aumento significativo de novas fortunas geradas no terceiro trimestre de 2025. Este fenómeno, impulsionado principalmente pela Bitcoin, reflete a contínua acumulação de riqueza por parte dos grandes investidores e a confiança no setor como reserva de valor, apesar da sua volatilidade.

Os dados sobre a adoção de criptomoedas em Portugal mostram um cenário de contrastes. Enquanto um estudo aponta que 10% dos investidores já experimentaram estes ativos, mantendo uma postura maioritariamente conservadora, outro relatório sugere que Portugal lidera a Europa com 43% de investidores a deterem criptoativos.

Ambas as perspetivas indicam, no entanto, um interesse crescente e uma penetração relevante no mercado nacional.

O projeto do euro digital avança com o objetivo de fortalecer a autonomia financeira da Europa, oferecendo uma alternativa pública aos sistemas de pagamento privados. Com a participação de empresas como a portuguesa Feedzai na sua segurança, o BCE prepara-se para uma possível implementação até 2029, dependendo da aprovação do quadro legal, visando criar um meio de pagamento digital seguro, gratuito e acessível a todos os cidadãos.

A Uphold, uma plataforma global de cripto-finanças, está a reforçar a sua operação em Portugal com um plano para contratar mais de 150 profissionais até 2026. Este investimento, focado no talento tecnológico do Norte do país, visa suportar a expansão da empresa, que prevê ultrapassar os 300 milhões de dólares em receitas, consolidando Portugal como um centro nevrálgico da sua engenharia e inovação.

A Revolut deu um passo fundamental para a sua consolidação em Portugal ao integrar-se plenamente no sistema de pagamentos nacional, incluindo o MB Way e a rede Multibanco.

Esta medida, aliada à atribuição de um IBAN português aos seus mais de dois milhões de clientes, remove barreiras significativas e posiciona a fintech para competir diretamente com os bancos tradicionais como conta bancária principal.

A banca tradicional portuguesa e o Banco de Portugal mantêm uma abordagem conservadora em relação aos criptoativos.

A relutância dos grandes bancos em entrar no mercado, aliada aos alertas contínuos do regulador sobre os riscos para a estabilidade financeira e para os consumidores, demonstra que, apesar da nova regulação europeia, a integração dos criptoativos no sistema financeiro nacional ainda enfrenta barreiras significativas.

Figuras públicas como António Horta Osório e João Duque denunciaram o uso fraudulento da sua imagem para promover investimentos falsos.

O Banco de Portugal confirma que esta é uma tática comum em burlas com criptoativos, onde a credibilidade de personalidades conhecidas é explorada para atrair vítimas para esquemas que resultam na perda total do capital investido.