
Os dados de julho confirmam uma contínua e generalizada subida dos custos da habitação, tanto no mercado de arrendamento como no de venda, intensificando a crise de acessibilidade em todo o país e não apenas nas principais metrópoles.
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Os dados de julho confirmam uma contínua e generalizada subida dos custos da habitação, tanto no mercado de arrendamento como no de venda, intensificando a crise de acessibilidade em todo o país e não apenas nas principais metrópoles.

O setor financeiro português considera a crise da habitação insustentável, atribuindo-a a uma grave escassez de oferta que as atuais políticas de estímulo à procura não resolvem, com Lisboa a destacar-se como uma das cidades menos acessíveis da Europa.

Para combater a escassez de habitação acessível, o Governo atualizou a fórmula de cálculo dos custos no programa de Habitação a Custos Controlados, oferecendo melhores incentivos financeiros para atrair o investimento de promotores privados.

A entrega de 50 habitações com renda acessível em Lisboa, financiada pelo PRR, constitui um passo positivo na resposta à crise, mas a sua escala limitada realça a necessidade de uma intervenção pública muito mais ampla para aumentar significativamente a oferta de casas a preços comportáveis.

A garantia do Estado para jovens foi amplamente utilizada, impulsionando o crédito à habitação, mas levanta preocupações no setor financeiro sobre o seu potencial impacto inflacionário num mercado com oferta insuficiente, o que poderá anular os benefícios da medida.

O debate sobre o controlo de rendas permanece polarizado em Portugal.
De um lado, é visto como uma ferramenta de justiça social; do outro, é criticado como uma medida populista com provas dadas de que reduz a oferta e a qualidade da habitação, agravando a crise a longo prazo.

A falta de oferta de habitação é unanimemente identificada como o problema central da crise imobiliária em Portugal, levando o setor da construção a apostar na digitalização e em novas tecnologias como forma de reduzir custos e aumentar a produção de casas.

O investimento em imobiliário comercial em Portugal cresceu 78% no primeiro semestre, atingindo 1.230 milhões de euros, impulsionado pelos setores do retalho e hotelaria e pelo forte interesse de investidores estrangeiros, o que posiciona o país como um dos principais destinos europeus.

A habitação tornou-se um campo de batalha crucial para as próximas eleições autárquicas, com PS, PSD e Chega a focarem as suas estratégias nas áreas metropolitanas, onde a crise é mais aguda, reconhecendo a importância do tema para o eleitorado.

O debate sobre o papel do turismo e do Alojamento Local na crise habitacional intensifica-se, com propostas que vão desde a aplicação de taxas turísticas agravadas para desincentivar a conversão de casas, até à necessidade de contabilizar corretamente o setor para garantir o financiamento regional, refletindo a complexa relação entre economia e habitação.