Briefing: Os números da semana

A meta de crescimento de 2,3% do PIB para 2026, sustentada pelo investimento do PRR, é vista com otimismo pelo Governo, mas gera reservas no Conselho das Finanças Públicas e nas confederações patronais, que consideram o cenário demasiado otimista e as medidas insuficientes para um crescimento robusto, alertando para os riscos externos.

O Orçamento do Estado para 2026 projeta um excedente de 0,1% do PIB, refletindo uma margem financeira mínima. O Governo usa este valor para limitar propostas de despesa adicionais da oposição, enquanto instituições como o CFP alertam para o risco de défice, num contexto em que a viabilização política do documento parece provável.

A proposta de OE2026 projeta uma descida histórica da dívida pública para 87,8% do PIB, um valor abaixo do limiar de 90% pela primeira vez em mais de uma década.

O Governo considera esta trajetória essencial para a credibilidade externa e resiliência económica, apesar do aumento dos encargos com juros.

O OE2026 projeta um aumento da receita fiscal em 4,4%, atingindo um recorde de 67 mil milhões de euros. O crescimento é sustentado principalmente pelo IVA e pelo IRS, devido ao dinamismo do consumo e do mercado de trabalho, enquanto a receita de IRC diminui devido à redução da taxa.

O OE2026 formaliza o aumento do Salário Mínimo Nacional para 920 euros, um acréscimo de 50 euros mensais. A medida, alinhada com o acordo de concertação social, é acompanhada pela atualização do mínimo de existência, garantindo que os trabalhadores com este rendimento continuarão isentos de IRS.

O OE2026 concretiza a descida de 0,3 pontos percentuais nas taxas de IRS do 2.º ao 5.º escalão, um alívio fiscal que será sentido já em janeiro de 2026.

A medida, combinada com a atualização dos escalões, resultará num aumento do rendimento líquido para a generalidade dos contribuintes, com maior ênfase na classe média.

Na próxima semana, o preço do gasóleo descerá um cêntimo por litro, enquanto a gasolina permanecerá estável, refletindo a queda do petróleo Brent devido à diminuição das tensões no Médio Oriente.

Esta descida ocorre enquanto o Governo planeia reverter gradualmente os descontos fiscais sobre os combustíveis.

Um estudo da ERA Portugal revela que o preço médio dos imóveis no país aumentou 40% nos últimos quatro anos, impulsionado por um desequilíbrio entre procura e oferta.

A Madeira lidera as subidas com 73%, enquanto regiões como Lisboa e Setúbal também registam fortes valorizações, contrastando com a estagnação ou queda em algumas zonas do interior.

O comércio entre a China e os países lusófonos diminuiu 7,6% até agosto de 2025. As exportações chinesas caíram 1,4%, principalmente devido à menor procura do Brasil, enquanto as exportações lusófonas para a China recuaram 11,3%, resultando num défice comercial de 29 mil milhões de dólares para a China.

A produção de vinho em França para 2025 foi revista em baixa para 36 milhões de hectolitros, uma quebra de 1% face a 2024 e 16% abaixo da média, devido a uma onda de calor.

Enquanto Champagne e Vale do Loire mostram resiliência, regiões como Bordéus e Beaujolais enfrentam quebras significativas.